Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de soja do Brasil em 2020 deverão atingir 78 milhões de toneladas "se tudo correr bem", disse nesta terça-feira a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), o que representaria um crescimento de 7,6% ante 2019, em meio a uma forte demanda na China e uma safra brasileira recorde.
A previsão, repassada à Reuters via assessoria de imprensa, mostra embarques maiores do que os projetados ao final de abril, quando a Anec previa 73 milhões de toneladas para o ano.
O número ressalta também como seguiram fortes as exportações de maio e junho do Brasil, o maior exportador global da oleaginosa, após o país ter embarcado um recorde mensal de mais de 14 milhões de toneladas em abril, segundo a Anec.
Nesta terça-feira, a associação apontou em relatório embarques de 11,9 milhões de toneladas neste mês, o que seria um aumento de 36,8% ante junho de 2019, com a China sendo destino de 72% das exportações de soja do Brasil no primeiro semestre.
Com base em embarques programados de soja de 7,25 milhões de toneladas em julho, a Anec projeta exportações de 68,9 milhões de toneladas nos primeiros sete meses de 2020, o que deixaria um volume de aproximadamente 9 milhões de toneladas para ser embarcado entre agosto e dezembro, quando tradicionalmente as vendas de soja perdem força à medida que a oferta também diminui.
O volume projetado para 2020 ainda ficaria abaixo do recorde de 2018, de 82,9 milhões de toneladas, quando o país também colheu uma grande safra e foi beneficiado pela guerra comercial entre Estados Unidos e China.
MILHO
Enquanto os embarques de soja deverão perder a intensidade especialmente após julho, as exportações de milho ganharão força em relação a meses anteriores, como costuma acontecer no segundo semestre.
A Anec projeta exportações de 31 milhões de toneladas do cereal neste ano, praticamente estável ante a projeção divulgada no final de abril, mas abaixo dos embarques recordes de mais de 41 milhões de toneladas no ano passado, quando o país foi beneficiado por uma quebra de safra nos EUA e houve mais oferta para vendas externas no primeiro semestre.
Com exportações projetadas de 3,9 milhões de toneladas em julho, o Brasil, segundo exportador mundial do cereal, deve ver queda de quase 43% na comparação com mesmo período do passado.
Considerando a projeção para o ano e a previsão da Anec para o período de janeiro a julho (6,5 milhões de toneladas), o Brasil teria que embarcar de agosto a dezembro 24,5 milhões de toneladas de milho para atingir a meta.
(Com reportagem adicional de Gabriel Araujo)