Por Geoffrey Smith
Investing.com – Os preços do gás natural voltaram a cair nesta segunda-feira pela manhã na Europa, após previsões de que o clima ficará acima do normal na próxima semana na maior parte do continente.
Às 8h20 de Brasília, o contrato futuro TTF holandês com vencimento mais próximo, que serve de referência para o noroeste da Europa, recuava 13,16%, a 98,63 euros por megawatt-hora, abaixo da mínima de quatro meses de 100 EUR/MWh.
O principal fator por trás do movimento foram previsões climáticas indicando que as temperaturas na Europa continental ficarão entre 4 e 8 graus Celsius mais quentes do que a média da estação nesta semana, o que reduz a demanda e permite que os importadores continuem injetando o excesso de gás em estoque.
A temperatura mais amena no início do inverno, em conjunto com compras agressivas de gás natural liquefeito nos mercados à vista, permitiram que a Europa preenchesse as instalações de armazenamento antes do previsto, mitigando a pressão criada pela interrupção do abastecimento da Rússia.
No domingo, os estoques da União Europeia (UE) estavam 93,4% cheios, graças aos dois maiores mercados do continente, Alemanha e Itália, cujos níveis de preenchimento estavam ainda maiores.
A falta de instalações de armazenamento disponíveis está provocando um forte recuo dos preços à vista, a fim de limpar o mercado, declarou o analista do Saxo Bank, Ole Hansen, no Twitter, alertando para um risco de “colapso de preços no curto prazo”.
No entanto, os contratos com vencimento mais longo ainda indicam que os mercados esperam que a atual fraqueza tenha vida curta. Os preços do TTF para o primeiro trimestre do ano que vem estão a 144,64 EUR/MWh, enquanto os preços para todo o ano civil de 2023 estão a 142,43 EUR/MWh. Isso se reflete no fato de que, se a guerra na Ucrânia se prolongar, a Europa deve enfrentar um ano inteiro sem o fornecimento do gás russo em 2023, obrigando-a a realizar compras ainda maiores e mais frequentes no mercado à vista.
Além disso, “os detentores de cargas de GNL sabem que o inverno está prestes a começar”, declarou Alexander Stahel, da consultoria suíça Burggraben. Assim, continuou, eles estão deixando os navios-tanque de GNL estacionados em alto-mar, na expectativa de que temperaturas mais baixas promovam a demanda e liberem mais capacidade de armazenamento, em vez de redirecioná-los para outros mercados. Isso está acentuando a restrição do mercado global, concluiu Stahel.