Por Nina Chestney e Natalia Zinets
LONDRES/KIEV (Reuters) - O gás russo começou a fluir para a Europa por meio de um importante gasoduto nesta quinta-feira, após uma pausa de 10 dias, mas temores de cortes mais amplos no fornecimento permaneciam, e forças russas na Ucrânia estariam mirando a captura da segunda maior usina de energia do país.
Tropas russas bombardearam cidades no leste e sul da Ucrânia, disseram autoridades ucranianas, e atingiram duas escolas, ao mesmo tempo em que forças de Moscou realizavam operações terrestres limitadas em preparação para o que é visto como uma ofensiva mais ampla.
A Reuters não conseguiu verificar imediatamente as afirmações ucranianas sobre os bombardeios russos, que, segundo elas, têm sido intensos por várias semanas, e não ficou imediatamente claro se alguém ficou ferido nos ataques às escolas.
A retomada dos fluxos de gás através do gasoduto Nord Stream 1 para a Alemanha encerrou 10 dias estressantes para a Europa, nos quais os políticos expressaram preocupação de que a Rússia pudesse não retomar o abastecimento em um momento em que os suprimentos de energia alternativa estão escassos e os preços altos.
Usualmente, o gasoduto transporta mais de um terço das exportações de gás da Rússia para a Europa, mas estava operando com apenas 40% de sua capacidade depois que a Gazprom, controlada pelo Kremlin, cortou as exportações de gás devido ao reparo de uma turbina.
"Em vista dos 60% (de capacidade) que faltam e da instabilidade política, ainda não há razão para estar tudo certo", escreveu Klaus Mueller, presidente do regulador de rede da Alemanha, no Twitter.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, acusou a Rússia de tentar chantagear a Europa usando energia como arma, algo que Moscou, que não consegue redirecionar rapidamente todo o seu gás para outros mercados, negou.
A Rússia tem criticado as sanções impostas ao país pela UE e pelos EUA por causa da invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro e a ajuda militar do Ocidente a Kiev, dizendo que teve que realizar o que chama de "operação militar especial" para impedir que a aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) use a Ucrânia para ameaçar a Rússia.
A Ucrânia afirma que precisa das armas para se defender contra o que ela e o Ocidente chamam de guerra de agressão não provocada ao estilo imperial, projetada para roubar seu território e apagar sua identidade nacional.
ATAQUE INTENSO
Os militares ucranianos relataram bombardeios russos pesados e por vezes fatais no leste e no sul do país, em meio ao que disseram ter sido tentativas fracassadas de forças terrestres russas de avançar na região de Donetsk, no leste.
O governador regional de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, disse que os ataques com mísseis russos destruíram duas escolas nas cidades de Kramatorsk e Kostiantynivka e também atingiram a cidade de Bakhmut, mas ainda não há informações sobre vítimas.
"A Rússia está destruindo intencionalmente nossas cidades e vilas. Não se exponha ao perigo --se retire", escreveu ele no Telegram.
A Rússia diz que não visa civis deliberadamente e usa armas de alta precisão para degradar alvos militares ucranianos, mas a guerra destruiu cidades, principalmente nas áreas de língua russa no leste e sudeste da Ucrânia.
A inteligência militar britânica disse nesta quinta-feira que as forças russas provavelmente estão se aproximando da segunda maior usina de energia da Ucrânia em Vuhlehirska, 50 quilômetros a nordeste de Donetsk.
"A Rússia está priorizando a captura de infraestrutura nacional vital, como usinas de energia", disse o ministério, que apoia as forças ucranianas, em um boletim regular.