Por Geoffrey Smith
Investing.com - O ouro recuou na quarta-feira (25) após ter registrado o maior ganho diário em uma década na terça-feira, puxado por uma enxurrada de novas apostas em um futuro de retornos baixos ou negativos em ativos portos-seguro alternativos.
Às 16h42 (horário de Brasília), os futuros do ouro para entrega na Comex estavam em queda de 0,9% a US$ 1.645,00 por onça troy, enquanto o ouro spot caía 0,09% a US$ 1.615,23.
Assim, a grande diferença entre os mercados de futuros e de spot que havia sido criada no início da semana em grande parte diminuiu.
Uma escassez de ouro para liquidação sob as regras da Comex levou o contrato a ser negociado em até US$ 40 acima do produto à vista. No entanto, o CME Group e a London Bullion Market Association agiram na terça-feira para resolver o problema, garantindo que as barras de 400 onças da LBMA também seriam aceitáveis para a liquidação de contratos da Comex.
Analistas da BMO Capital Markets disse que o episódio foi mais um deslocamento a curto prazo do que algo estrutural.
Contudo, a conclusão é que o episódio não surgiu da falta de demanda por ouro, que continua a atrair muito interesse de investidores de portfólio à medida que o impasse dos mercados de títulos pelos bancos centrais leva a quedas acentuadas nos rendimentos dos portos-seguro. Os rendimentos do Tesouro dos EUA a 10 anos caíram de 1,27% para 0,81% em menos de uma semana, enquanto o ultra-seguro EUA a 3 meses caíram para o negativo na quarta-feira.
“As implicações a longo prazo dos crescentes déficits orçamentários, taxas reais negativas, e a degradação de moedas deveriam apoiar o ouro no futuro”, disse David Tait, do Conselho Mundial do Ouro, em comentários enviados por e-mail.
Os ativos portos-seguro estão se preparando para o que deve ser a maior divulgação de dados da semana na quinta-feira, o anúncio dos pedidos iniciais de desemprego da semana passada. A maior parte das previsões espera uma alta histórica de mais de 2 milhões, refletindo o colapso na demanda para a maioria dos serviços não-essenciais. O índice de atividade dos gerentes de compras da Markit, publicado na terça-feira, mostrou que os serviços, que representam grande parte dos empregos, enfraqueceu-se muito mais acentuadamente do que a indústria com a explosão da pandemia de Covid-19.
Isso destaca a importância de medidas de apoio à renda para trabalhadores do pacote de estímulos que está atualmente sendo votado no Congresso, na medida em que representam a melhor - e talvez a única - defesa contra o início de uma espiral deflacionária.
O analista da Capital Economics Alexander Kozul-Wright argumentou em uma nota a clientes na quarta-feira que a deflação deve ser a maior ameaça aos preços do ouro neste momento. Ele manteve a previsão para este ano inalterada em US$ 1.600.
Além disso, os futuros da prata subiam 2,9% para US$ 14,67 por onça, enquanto o fechamento das minas da África do Sul ajudou os futuros do paládio a alcançar outro aumento de 20%, e os futuros da platina a ganhar 5,9% para US$ 743,50 por onça.