SÃO PAULO (Reuters) - O dólar alternava entre leves altas e baixas nesta sexta-feira, com a redução da intervenção do Banco Central no câmbio limitando o impacto da alta da moeda norte-americana no exterior e de preocupações com os rumos fiscais do Brasil.
Às 11:22, o dólar recuava 0,12 por cento, a 3,2293 reais na venda, após subir nas seis sessões anteriores e acumular valorização de 3,23 por cento. Se fechar esta sexta-feira em alta, será a sequência mais longa de avanços em mais de uma década. [nL1N1AZ1P6]
A moeda norte-americana atingiu 3,2498 reais na máxima e 3,2213 reais na mínima do dia. O dólar futuro recuava cerca de 0,35 por cento nesta manhã.
"A mudança nos swaps traz uma ajuda marginal, faz o real ter desempenho melhor que outras moedas em um dia de alta do dólar como hoje", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
"Mas qualquer mudança é ruído e o mercado vai continuar na defensiva até que o quadro fiscal esteja mais claro", acrescentou.
O BC retomou nesta sessão o ritmo mais lento de intervenções no câmbio que adotou no início deste mês, vendendo apenas 10 mil swaps reversos, equivalentes a compra futura de dólares. Entre 11 e 18 de agosto, a autoridade monetária havia pisado no acelerador e vendido diariamente 15 mil contratos. [nE6N1AL018] [nL1N1AZ219]
A redução no ritmo de intervenção veio após o dólar subir por seis sessões consecutivas e voltar a se aproximar de 3,25 reais. Em comparação, a mudança anterior aconteceu quando a moeda norte-americana era negociada perto de 3,10 reais, nos menores níveis em mais de um ano.
Cotações baixas tendem a prejudicar a indústria, já que reduzem os preços de produtos exportados. Por outro lado, a alta do dólar pode pressionar a inflação, encarecendo importações.
Alguns operadores já esperavam a manobra, limitando seu impacto. Além disso, a alta do dólar em relação a moedas como os pesos chileno e mexicano limitava o espaço para quedas no Brasil.
Investidores têm preferido estratégias mais defensivas nos últimos dias também em função da cautela em relação às perspectivas fiscais brasileiras, após dificuldades do governo do presidente interino Michel Temer na aprovação de medidas de austeridade fiscal no Congresso Nacional.
Temer convocou para esta sexta-feira reunião em São Paulo com a equipe econômica e líderes do Congresso para definir estratégia para aprovação do ajuste fiscal. [nL1N1B00HZ]
"Essas batalhas precisam ser ganhas nos bastidores e parece que o governo está pelo menos se esforçando para melhorar a articulação", disse o operador da corretora de um banco nacional.
Muitos operadores esperam que o governo endureça sua postura após a confirmação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, em julgamento marcado para começar em 25 de agosto.
(Por Bruno Federowski; Edição de Patrícia Duarte)