(Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva considera "difícil" que a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas venha a trazer problemas ambientais para a Amazônia, enquanto a Petrobras (BVMF:PETR4) pretende recorrer de uma decisão negativa do Ibama sobre seus planos de explorar a região.
"Se explorar esse petróleo der problema para a Amazônia, certamente não será explorado, mas eu acho difícil porque são 530 km de distância da Amazônia. Mas eu só posso saber quando eu chegar lá", disse Lula a jornalistas na cidade japonesa de Hiroshima, onde participou da reunião de cúpula do G7.
A perfuração de poço objeto do licenciamento seria feita, na verdade, a uma distância de 175 quilômetros da costa do Amapá, Estado da região amazônica, em águas profundas brasileiras quase na divisa com a Guiana Francesa, segundo informação da Petrobras. Os mais de 500 quilômetros citados pelo presidente indicam a distância da foz do rio Amazonas.
Apesar da distância da costa, ambientalistas afirmam que o movimento das marés na região da foz do Amazonas traz risco adicional, em caso de um vazamento de petróleo.
De outro lado, a Petrobras afirma que estudos técnicos ratificados pelo próprio Ibama indicam que não há possibilidade de, "em caso remoto de vazamento, de o óleo chegar à costa".
A declaração de Lula foi dada após o Ibama negar na semana passada autorização para a Petrobras explorar a região que integra a Margem Equatorial (BVMF:EQTL3) brasileira, considerada a mais nova fronteira exploratória do Brasil, com grande potencial para descobertas importantes de petróleo, mas também com enormes desafios ambientais.
A Petrobras afirmou que recorrerá nesta semana da decisão do Ibama.
A companhia está mobilizada na região desde o ano passado com sonda, navios e todos os equipamentos necessários para a realização de um simulado de emergência, a um custo diário de 3,4 milhões de reais.
A Petrobras afirma que "atendeu rigorosamente todos os requisitos do processo de licenciamento".
Em entrevista coletiva para fazer um balanço sobre sua participação no G7, Lula defendeu o protagonismo do Brasil nas discussões sobre as mudanças climáticas e afirmou que o país tem "autoridade política e moral" para liderar este debate, já que tem uma matriz energética mais limpa do que a média mundial.
Ao mesmo tempo, Lula reiterou que não tem a intenção de transformar a Amazônia em um "santuário" e disse que é preciso explorar a biodiversidade e a riqueza da floresta em proveito da população que vive na região.
"Na Amazônia moram 28 milhões de pessoas. E essas pessoas têm o direito de trabalhar, comer. Por isso, precisamos ter o direito de explorar a diversidade da Amazônia, para gerar empregos limpos, para que a Amazônia e a humanidade possam sobreviver", disse.
A exploração do petróleo na região da Foz do Amazonas, no litoral do Amapá, tem sido defendida pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e pelo líder do governo Lula no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (Sem Partido-AP).
Randolfe se desfiliou da Rede Sustentabilidade, partido fundado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, após o Ibama, que é vinculado à pasta comandada por Marina, negar o pedido feito pela Petrobras.
(Por Rodrigo Viga Gaier, Marta Nogueira e Eduardo SimõesEdição de Roberto Samora)