Mercado de algodão se recupera e safra do Brasil 20/21 deve cair menos, diz Agroconsult

Publicado 04.08.2020, 16:28
Atualizado 04.08.2020, 17:00
© Reuters. Colheita de algodão no distrito de Roda Velha, próximo a Luís Eduardo Magalhães (BA)
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Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A produção brasileira de algodão, uma das commodities agrícolas que mais sofreu o impacto da pandemia do coronavírus, deverá registrar um recuo na nova temporada (2020/21), mas a perda de área será menor que a antecipada, com uma recuperação do mercado ante cotações mínimas vistas mais cedo neste ano, avaliou nesta terça-feira a Agroconsult.

O plantio da pluma deverá atingir 1,46 milhão de hectares no Brasil na nova safra, um recuo de 12% ante a temporada de 2019/20, quando o país deverá ter uma produção recorde de 2,84 milhões de toneladas, disse o analista da Agroconsult Fábio Carneiro, em entrevista à Reuters.

Mas o corte na área projetado já foi maior.

"Já chegamos a trabalhar com queda de 20% de área, mas veio tendo um retomada, o mercado melhorou, o produtor conseguiu travar vendas... tem uma linha de estocagem do Plano Safra, que saiu em hora boa, então reduziu a intensidade de queda da área para 12%", disse o analista.

Com este plantio, o país teria o potencial de produzir 2,5 milhões de toneladas, ou cerca de 340 mil toneladas a menos ante o recorde da colheita deste ano.

A redução de área plantada, contudo, deverá ocorrer após seguidos aumentos no plantio nos últimos anos, quando o Brasil ganhou destaque no mercado internacional, passando a ocupar a segunda posição entre os exportadores globais, atrás apenas dos Estados Unidos.

"O mercado foi muito afetado pela pandemia e começa a mostrar algumas reações", acrescentou ele, lembrando que o Brasil postergou algumas exportações.

Com a queda da cotação do petróleo verificada neste ano, a fibra natural acaba enfrentando maior competição com as sintéticas.

Mas o contrato dezembro do algodão em Nova York já está bem acima das mínimas do ano.

Nesta terça-feira superou 64 centavos de dólar por libra-peso, batendo maior valor em três semanas, após mínima de cerca de 48 centavos em 1º de abril.

Segundo o analista da Agroconsult, o preço de 60 centavos por libra-peso é um indicador positivo.

"A área geral deve cair no Brasil, mas é importante estratificar, quem reduz não será o grande, os grandões não devem registrar queda na área, devem ficar estáveis. Eles têm muita estrutura relacionada à produção de algodão, e isso precisa continuar rodando, a área deve cair mais nos menores", ressaltou.

O produtor menor deverá trocar o algodão pelo milho segunda safra em Mato Grosso e, na Bahia, que não tem safrinha, a migração vai para a soja.

De qualquer forma, a Agroconsult alerta que, entre soja, milho e algodão, a pluma é a commodity que tem o cenário "menos cristalizado".

"Tem tempo para ter mais mudança, tanto para melhor quanto para pior."

© Reuters. Colheita de algodão no distrito de Roda Velha, próximo a Luís Eduardo Magalhães (BA)

A Agroconsult projeta safras recordes de soja e milho do Brasil em 2020/21, conforme reportou a Reuters mais cedo.

(Por Roberto Samora)

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