Por Marcelo Teixeira
NOVA YORK (Reuters) - A safra de café do Brasil, maior produtor e exportador global da commodity, deve recuar entre 14% e 21% na próxima temporada (2021/22), em função de chuvas inferiores à média e do ano de baixa no ciclo bienal de produção do grão arábica, disse o banco de investimentos Itaú BBA nesta quinta-feira.
A equipe de pesquisas agrícolas do banco vê a produção de café do Brasil em um intervalo de 53,6 milhões a 58,3 milhões de sacas de 60 kg em 2021/22 (julho-junho), ante 67,9 milhões de sacas projetadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) para a atual temporada.
A produção de café arábica do país, que compõe a maior parte da safra, entrará na próxima temporada em um ano de baixa de seu ciclo bienal, que alterna anos de alta e baixa produtividades.
Além disso, as condições climáticas para o desenvolvimento da safra são adversas, com chuvas abaixo da média e temperaturas acima da média, acrescentou o banco.
Com a queda esperada na produção brasileira, o banco projeta que o balanço de oferta no mercado global de café passe de um excedente de 9,8 milhões de sacas em 2020/21 para um déficit de 1,7 milhão de sacas a 6,5 milhão de sacas em 2021/22.
Os analistas do Itaú BBA chamaram atenção para a grande quantidade de café vendida antecipadamente por produtores brasileiros em meio à desvalorização do real frente ao dólar, destacando perspectivas de dificuldades para que alguns deles cumpram os acordos.
"Alguns produtores podem ter vendido café demais para entrega em 2021, e podem ser surpreendidos pela queda dos rendimentos agrícolas", disse o banco no relatório.
Os preços do café arábica operavam em alta de cerca de 3% em Nova York nesta quinta-feira.