Preços do petróleo caem 5% com a recuperação do shale dos EUA

Publicado 24.06.2020, 14:59
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Por Barani Krishnan

Investing.com - Isso tinha que acontecer a esses preços, e aconteceu.

Os mercados de petróleo caíam 5% na quarta-feira (24), depois que dados semanais do governo dos EUA mostraram que as perfuradores nos campos de shale dos EUA estão aumentando a produção pela primeira vez desde março, com os preços do petróleo em média US$ 40 por barril.

A produção de petróleo dos EUA foi estimada em 11 milhões de barris por dia na semana encerrada em 19 de junho, contra 10,5 milhões de bpd na semana anterior, mostraram dados da Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês).

Foi o primeiro aumento na produção dos EUA em 13 semanas. Isso ocorreu após uma queda de 20% na produção que se seguiu à destruição da demanda de combustível causada pela pandemia de coronavírus, após os recordes de 13,1 milhões de bpd estabelecidos em meados de março.

"Com meio milhão de bpd na semana, não é um aumento muito alto, mas mostra uma tendência que provavelmente está crescendo", disse John Kilduff, sócio fundador do fundo de hedge de energia de Nova York Again Capital. "Não é de surpreender ver pessoas fazendo hedge para mais produção a esses preços".

O West Texas Intermediate, referência para futuros de petróleo dos EUA , caía US$ 2,25, ou 5,6%, a US$ 38,12 por barril às 17h17 (horário de Brasília).

O Brent, referência mundial em petróleo negociada em Londres, caía US$ 2,22, ou 5,2%, para US$ 40,41.

Não obstante a queda, o WTI ainda está em alta de cerca de 280% em relação a 28 de abril, quando os preços do petróleo começaram a se recuperar seriamente dos impactos negativos da Covid-19. O Brent ainda está cerca de 150% acima das mínimas de abril.

"Deveríamos ver US$ 35 por barril para corrigir os preços inflacionados dos últimos dois meses, especialmente com a segunda onda de Covid-19", disse Kilduff.

Pelo menos 22 dos 50 estados dos EUA relataram um aumento nos casos Covid-19 após reabrirem suas economias nos últimos dois meses. No Arizona, um epicentro específico, as infecções aumentaram 54% em uma semana. Isso ocorre enquanto mais de 2,4 milhões de americanos já foram infectados pelo coronavírus, com um número de mortos em 123 mil. Um novo modelo da Universidade de Washington também prevê 200.000 mortes de coronavírus nos Estados Unidos até 1º de outubro.

Em todo o mundo, Índia, Coréia do Sul e Nova Zelândia relataram incidências mais altas de Covid-19 nas últimas semanas.

O aumento da produção relatado pela EIA para a semana encerrada em 19 de junho coincidiu com o crescimento de 1,4 milhão de barris em estoques brutos na semana, contra o aumento de 300.000 barris previsto pelos analistas.

Além disso, o centro de Cushing, Oklahoma, que armazena petróleo entregue de contratos vencidos do benchmark West Texas Intermediate, viu um declínio de 1 milhão de barris, informou a EIA.

Mas, para compensar isso, a agência também citou outro aumento de 2 milhões de barris na Reserva Estratégica de Petróleo, que responde pelo suprimento emergencial de petróleo da América.

A adição dos três permite uma construção líquida de pelo menos 2,4 milhões de barris na semana passada.

No lado da demanda de combustível, a EIA relatou um declínio de quase 1,7 milhão de barris em estoques de gasolina, ou cerca de 400.000 a mais do que o esperado. Mas, para compensar isso, também afirmou que os estoques de destilados, liderado pelo diesel, subiram em quase 250.000 barris contra uma queda prevista de 620.000.

Antes dos bloqueios pelo coronavírus atingirem a economia dos EUA, o maior produtor de petróleo do mundo adicionava cerca de 100.000 bpd à sua produção a cada mês.

Os bloqueios forçaram a produção americana a cair cerca de 20% em pouco mais de três meses, enquanto os perfuradores de shale dos EUA cortavam plataformas, fechavam torneiras e fechavam poços para lidar com uma perda de quase 30% na demanda global de combustível no auge da pandemia. Os cortes coordenados de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, liderados pela Arábia Saudita e pela Rússia, também ajudaram a reduzir o excesso de oferta de petróleo versus a demanda.

Como resultado, os preços do petróleo subiram acentuadamente a partir do final de abril, com o WTI ganhando mais de 300% a certa altura e o Brent quase 200%.

 

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