VIENA (Reuters) - A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Rússia parecem prontas para prolongar os cortes de produção até o fim de 2018 nesta semana, enquanto sinalizam que podem revisar o acordo quando se encontrarem novamente em junho caso o mercado se aqueça demais.
Com os preços do petróleo subindo acima dos 60 dólares por barril, a Rússia questionou a sensatez de estender os cortes existentes de 1,8 milhão de barris por dia até o fim do próximo ano, uma vez que tal medida poderia desencadear uma alta na produção dos Estados Unidos.
A Rússia precisa de preços muito mais baixos para equilibrar seu orçamento do que a líder da Opep, Arábia Saudita, que está se preparando para uma listagem da estatal energética Aramco no mercado de ações no próximo ano e que, portanto, se beneficiaria do petróleo em preços mais elevados.
Seis ministros da Opep e de países produtores de fora da Opep, incluindo Arábia Saudita e Rússia, se reunião em Viena nesta quarta-feira — um dia antes da reunião completa da Opep — para revisar recomendações de seus delegados.
Na terça-feira, um comitê misto de membros e não membros da Opep recomendou estender os cortes até o fim de 2018 com uma opção de revisar o acerto na próxima reunião do grupo em junho, disseram três fontes da Opep.
"A opção de nove meses da Opep é na verdade uma opção de seis meses (ou três meses), uma vez que será reavaliada na próxima reunião", disse Jamie Webster, diretor do Centro de Impacto de Energia do Boston Consulting Group. Os cortes atuais expiram em março.
Os preços do petróleo Brent e EUA recuavam nesta quarta-feira pelo terceiro dia consecutivo, embora o Brent continuasse acima dos 63 dólares por barril.
O ministro de Energia dos Emirados Árabes, Suhail bin Mohammed al-Mazroui, disse na terça-feira que cortar a produção durante todo o ano de 2018 continua sendo o principal, mas não único, cenário.
"Há uma reunião hoje à tarde. E dependendo de todos esses parâmetros, nós traremos o que é melhor para o mercado e para a organização", disse ele nesta quarta-feira.
Os cortes de produção têm vigorado desde o início de 2017 e ajudaram a reduzir pela metade o excesso nos estoques globais de petróleo, embora esses continuem 140 mil barris acima da média de cinco anos, segundo a Opep.
(Por Ernest Scheyder e Ahmad Ghaddar; reportagem adicional de Rania El Gamal, Shadia Nasralla, Alex Lawler e Vladimir Soldatkin)