Por Barani Krishnan
Investing.com - O ouro não ganha uma folga, ao que parece, de seu rival - o rendimento de 10 anos do Tesouro dos EUA.
O ouro caiu pelo quarto dia consecutivo na sexta-feira (30), com picos intermitentes no rendimento dos títulos dos EUA o mantendo sob pressão constante.
“Enquanto o mercado global está se preparando para superar a inflação, o ouro está apresentando baixo desempenho”, disse a TD Securities em nota. “As saídas institucionais continuam pesando sobre o metal amarelo, à medida que as taxas nominais descontam cada vez mais o impacto do comércio de reflação singular.
Os futuros de ouro de referência na Comex de Nova York tinham queda de US$ 1,15, ou 0,1%, a US$ 1.767,15 a onça às 16h40 (horário de Brasília). Para a semana, a queda foi de 0,6%, estendendo a queda da semana anterior de 0,1%.
O rendimento da nota do Tesouro de 10 anos atingiu uma máxima de duas semanas de 1,684 na quinta-feira, com os títulos começando a ser vendidos novamente nesta semana, após um aumento na confiança do consumidor dos EUA, que atingiu altas de 14 meses em abril.
Além dos gastos do consumidor, uma enxurrada de dados econômicos dos EUA, desde a inflação a construção de casas, preços de casas e empregos, excedeu as previsões recentemente, aumentando as esperanças de uma recuperação mais rápida do que o esperado da pandemia do coronavírus.
Estes dados impulsionaram os preços de ações e commodities sensíveis à inflação como petróleo, cobre, madeira serrada, soja e mesmo café.
Mas o ouro, supostamente a proteção de inflação nº 1 do mundo e o "porto seguro" a que todos recorrem em momentos de problemas financeiros e políticos - tem tido um desempenho péssimo por meses a fio.
Desde o início do ano, o ouro tem enfrentado ventos contrários contínuos, já que os rendimentos do dólar e dos títulos frequentemente subiram com o argumento de que a recuperação econômica dos EUA da pandemia pode exceder as expectativas, levando a temores de inflação em espiral, já que o Federal Reserve manteve as taxas de juros próximas a zero.
O ouro teve um rali incrível em meados de 2020, quando subiu das mínimas de março, de menos de US$ 1.500, para atingir altas recordes de quase US$ 2.100 em agosto, respondendo às preocupações inflacionárias desencadeadas pelo primeiro alívio fiscal dos EUA de US$ 3 trilhões aprovado para mitigar os impactos da pandemia do coronavírus.
Avanços no desenvolvimento de vacinas desde novembro, juntamente com o otimismo sobre a recuperação econômica, no entanto, forçaram o ouro a fechar as negociações de 2020 por pouco menos de US$ 1.900.
Neste ano, o desempenho piorou quando o ouro caiu primeiro para os níveis de US$ 1.800 em janeiro, e depois para menos de US$ 1.660 em março.
Essa fraqueza no ouro é notável se considerada da perspectiva do estímulo de US$ 1,9 trilhão aprovado pelo Congresso em março e dos planos do governo Biden para um gasto adicional em infraestrutura de US$ 2,2 trilhões.
Normalmente, as medidas de estímulo levam à desvalorização do dólar e à inflação, o que faz com que o ouro suba como uma proteção contra a inflação. Mas, em vez disso, ocorreram liquidações que desafiam a lógica nos últimos seis meses.
Nas últimas duas semanas, o ouro falhou repetidamente em cruzar a resistência de US$ 1.800, apesar de estar a um fio de cabelo deste nível.
A TD Securities disse em sua nota na sexta-feira que “a mudança na composição dos especuladores de ouro argumenta que o capital discricionário pode estar fluindo novamente para o ouro, capturando a participação de mercado dos seguidores de tendências”, incluindo Commodity Trading Advisors (CTAs) formados por fundos de hedge.
“Isso tem implicações importantes para a ação futura de preços, à medida que o posicionamento de short do monitor de tendência do CTA continua a crescer, esticando uma faixa elástica que pode resultar em um rompimento mais poderoso caso os preços subam”, disse a TD Securities.
Talvez, mas isso soa como um desejo por enquanto.