Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A produção de trigo do Paraná foi estimada nesta quinta-feira em 3,67 milhões de toneladas, ante 3,5 milhões na previsão de maio, com impulso de um ajuste de 40 mil hectares na área plantada, apontou o Departamento de Economia Rural (Deral).
Caso a safra que está sendo plantada seja confirmada, o principal Estado produtor de trigo no país teria um aumento de 72% na produção ante a temporada passada, quando as lavouras sofreram com problemas climáticos.
O Estado havia semeado, até o início da semana, 89% da área agora estimada em 1,13 milhão de hectares, o que significa um aumento de 10% ante temporada passada, em meio a bons preços e influência do câmbio, já que o Brasil é grande importador do cereal.
A produtividade projetada para a temporada atual seria recorde, com 3,25 toneladas por hectare, segundo os dados do Deral.
Mas, com a safra ainda em estágio inicial, o órgão do governo paranaense mantém cautela ao falar sobre o tamanho da colheita.
Para o especialista em trigo do Deral, Carlos Hugo Godinho, é preciso aguardar o desenvolvimento das lavouras no Estado, que tem sofrido com geadas, chuvas na colheita ou mesmo seca nos últimos anos.
"A produtividade, em geral, é recorde (na previsão) no início do plantio", ponderou ele, à Reuters.
Ele lembrou que o norte do Estado teve uma seca, já normalizada, que gerou germinação desuniforme, por exemplo.
Considerando números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção poderia se aproximar da histórica safra de 2014 do Paraná, quando o Estado colheu cerca de 3,8 milhões de toneladas.
Naquele ano, contudo, o plantio somou cerca de 1,4 milhão de hectares, bem maior que o atual.
Uma safra maior no Paraná, que se confirmada responderia por cerca de 30% do consumo nacional de trigo, teria o potencial de reduzir importações do Brasil, projetadas em 7,3 milhões de toneladas em 2020 pela Conab.
Mais do que a discussão do tamanho da safra, Godinho chamou a atenção para a evolução do plantio, principalmente o sul do Estado.
"É uma região que planta mais tardiamente, (mas neste ano) essas lavouras estão bastante adiantadas em relação aos anos anteriores e tem mais lavouras plantadas no sul", afirmou ele.
Segundo o especialista, isso indica que o produtor está escolhendo variedades de trigo de ciclo mais curto, para possibilitar o plantio de soja no momento adequado na nova safra.
MILHO
Já a segunda safra de milho do Paraná foi estimada em 11,36 milhões de toneladas, praticamente estável ante maio, e um recuo de 14% na comparação com o ciclo anterior.
A produção paranaense de milho sofreu com alguns problemas de seca.
A colheita de milho segunda safra 2019/20 avançou somente um ponto percentual no Paraná, na variação semanal, para 4% da área, informou o Deral no início da semana.