Petrobras elevará diesel em 6%, na 3ª alta seguida; gasolina aumentará 3%

Publicado 01.07.2020, 13:11
Atualizado 01.07.2020, 14:52
© Reuters. Caminhão-tanque em refinaria da Petrobras em Canoas (RS)
PETR4
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Por Gabriel Araujo e Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) anunciou reajuste médio de 6% para o diesel vendido em suas refinarias a partir de quinta-feira, em momento em que registra uma melhora na demanda, enquanto a gasolina terá elevação de 3%, informou a companhia nesta quarta-feira por meio da assessoria de imprensa.

O movimento é a terceira alta consecutiva no preço do diesel, combustível mais utilizado no Brasil, depois de reajustes de 7% no final de maio e de 8% em meados de junho.

Para a gasolina, é o sétimo aumento seguido, em tendência vista desde o início de maio.

Com os reajustes, o preço médio do litro do diesel nas refinarias da estatal passa a ser de 1,6017 real, maior nível desde o final de março, segundo dados compilados pela Reuters.

Apesar disso, o combustível ainda acumula queda de 31,6% em 2020, após forte impacto na demanda em decorrência da pandemia de coronavírus. Em relação às mínimas do ano, registradas entre final de abril e meados de maio, o valor do combustível tem recuperação de 22,5%.

Para a gasolina, o novo reajuste eleva o preço médio nas refinarias da Petrobras a 1,5788 real/litro, mais alto nível desde o final de fevereiro. A cotação segue se afastando das mínimas do ano, vistas no fim de abril --quando o litro chegou a valer 0,916 real--, embora ainda acumule queda de 17,6% no ano.

As recentes altas nos preços dos combustíveis acompanham uma recuperação no valor do petróleo no mercado internacional. O barril do petróleo Brent, que chegou a ser negociado a cerca de 16 dólares em abril, avançou mais de 150% desde então e já custa mais de 40 dólares, após uma recuperação na demanda e um acordo entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados para redução de oferta.

A Petrobras defende que sua política de preços segue a paridade de importação, levando em conta o valor de referência internacional da commodity e os custos para importadores, como transporte e taxas portuárias, com impacto também do câmbio.

Nesse sentido, o real apresenta forte desvalorização frente ao dólar neste ano, o que também contribui para o aumento nos preços dos combustíveis. No semestre terminado na terça-feira, a divisa norte-americana acumulou salto de 35,56% ante a moeda brasileira.

O presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sergio Araujo, disse à Reuters que o reajuste anunciado pela Petrobras "ajuda, mas não resolve" a situação dos importadores, que lidam com cotações internas que limitam seus negócios.

"As janelas continuam fechadas para importações", ressaltou ele.

MELHORA NA DEMANDA

Além disso, as elevações ocorrem em um momento em que a Petrobras verifica uma recuperação na demanda por combustíveis, com as vendas de diesel chegando a ultrapassar os níveis registrados antes da queda brusca motivada pela crise sanitária e econômica, segundo apresentação realizada por um executivo da empresa em conferência na segunda-feira.

© Reuters. Caminhão-tanque em refinaria da Petrobras em Canoas (RS)

Apesar de a pandemia de Covid-19 estar no pico no Brasil, com mais de 1,4 milhão de casos confirmados, muitos Estados e municípios já iniciaram processos de reabertura econômica e flexibilização dos isolamentos.

As refinarias da Petrobras têm operado com taxas de utilização em níveis bastante próximos dos registrados no pré-pandemia.

O repasse de reajustes nas refinarias até os consumidores finais não é imediato e depende de uma série de questões, como margem da distribuição e revenda, impostos e adição obrigatória de biodiesel.

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