Por Barani Krishnan
Investing.com - Um dia de atraso, mas talvez seja melhor tarde do que nunca para os ursos do mercado.
Os preços do petróleo caíam 1% na quinta-feira (16), reagindo tardiamente à decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo do dia anterior de reverter 20% dos cortes de produção que a Opep manteve desde o início de maio.
O mercado se recuperou na quarta-feira, respondendo a uma grande e inesperada queda nos estoques de petróleo dos EUA.
"As notícias sobre o petróleo são muito leves, exceto se as pessoas avaliam o relaxamento dos cortes de petróleo da Opep que estão por vir", disse Scott Shelton, corretor de futuros de energia da ICAP, em Durham, Carolina do Norte.
Por enquanto, não havia "informações suficientes da demanda" que indicassem claramente um mercado de alta ou de baixa para o petróleo nas próximas semanas e meses, disse Shelton.
Ele, no entanto, acrescentou: "As evidências que vejo nos EUA sugerem que há demanda suficiente para aumentar o rali até certo ponto, pois os estoques de gasolina estão se esgotando e as margens estão 'OK'."
O West Texas Intermediate, referência para os futuros de petróleo dos EUA negociada em Nova York, caía 46 centavos de dólar, ou 1,1%, para US$ 40,74 por barril às 15h42 (horário de Brasília).
O Brent, referência mundial em petróleo negociada em Londres, caía 48 centavos de dólar, ou também 1,1%, para US$ 43,31.
O WTI subiu 2,2% na quarta-feira, enquanto o Brent subiu 2,1%, respondendo a uma grande queda semanal dos estoques de petróleo dos EUA.
A Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês) relatou na sessão anterior que os estoques de petróleo bruto dos EUA caíram em 7,5 milhões de barris na semana que terminou em 11 de julho. Analistas monitorados pelo Investing.com esperavam um declínio de 2,1 milhões de barris, após o aumento da semana anterior de 5,6 milhões de barris.
A EIA também relatou uma queda de 3,1 milhões de barris nos estoques de gasolina e de quase 1,5 milhão de barris nos estoques de destilados, dominados pelo diesel. Os analistas esperavam um consumo de gasolina de 643.000 barris e aumento de quase 1,5 milhão de barris em destilados.
Enquanto isso, a aliança Opep+, liderada pela Arábia Saudita e pela Rússia, disse na quarta-feira que irá reter 7,7 milhões de barris por dia do mercado a partir de agosto, contra os 9,6 milhões de julho.
Alguns dizem que uma redução de 2 milhões de barris nos cortes da Opep poderia pesar mais do que as quedas semanais nos estoques de petróleo dos EUA.
Caso em questão: as entradas de petróleo nos Estados Unidos caíram em 1,8 milhão de barris na semana passada, o máximo em quatro anos, destacando o trabalho da Opep, ou precisamente da Arábia Saudita, de reduzir as remessas para os Estados Unidos, a fim de criar baixos níveis de estoque que aumentariam os preços do WTI.
Se os sauditas começarem a enviar mais carga na direção dos Estados Unidos, isso poderá mudar.
E a Organização ainda não divulgou como a demanda por petróleo poderá aumentar em meio à nova onda de infecções por coronavírus em todo o mundo.
Os Estados Unidos registraram mais de 67.000 novos casos de coronavírus na quarta-feira. O principal especialista em pandemias dos EUA, Anthony Fauci, disse recentemente que o crescimento diário de casos pode chegar a 100.000 sem distanciamento social e outras medidas de segurança.
Cerca de 3,5 milhões de norte-americanos já foram infectados pela Covid-19, com o número de mortos atingindo quase 140.000. Um novo modelo da Universidade de Washington prevê 200.000 mortes por coronavírus nos Estados Unidos até 1º de outubro, lançando novas dúvidas sobre a reabertura econômica.
A economia dos EUA encolheu 5% nos primeiros três meses de 2020, com o maior declínio desde a Grande Recessão de 2008/09, já que a maioria dos 50 estados do país entrou em confinamento para conter o surto do vírus. Ainda que a maioria das empresas tenha reaberto nos últimos dois meses, os economistas seguem alertando para uma recessão de dois dígitos no segundo trimestre.