Os contratos futuros do petróleo fecharam em queda, pressionados pelo retorno da fuga de risco e renovação dos temores com sistemas bancários dos Estados Unidos e da Europa. Na semana, as turbulências no setor levaram a commodity a derreter mais de 10%.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para maio fechou em queda de 2,32% (US$ 1,59), a US$ 66,93 o barril, enquanto o Brent para igual mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), caiu 2,31% (US$ 1,73), a US$ 72,97 o barril. Na semana, os petróleos WTI e Brent amargaram perdas de 12,71% e 11,85%, respectivamente.
No início da sessão, o petróleo chegou a ampliar ganhos de ontem na esteira de uma recuperação no sentimento de risco, após os bancos Credit Suisse (SIX:CSGN) e First Republic Bank receberem apoio para continuar suas operações. Contudo, a renovação dos temores minou o movimento e inverteu o sinal da commodity ainda pela manhã. Ao longo do dia, os contratos chegaram a acelerar perdas, com o Brent para maio se aproximando da barreira de US$ 70.
Analista da Oanda, Edward Moya acredita que os preços devem continuar pressionados, considerando que as turbulências bancárias não devem desaparecer "tão cedo". Moya aponta que temores sobre os efeitos do aperto monetário do Federal Reserve (Fed) na economia americana também pesam sobre a commodity.
"O petróleo permanecerá pressionado enquanto os investidores tentam descobrir que tipo de recessão os dirigentes de bancos centrais desencadearão nos EUA", afirma, projetando que uma recessão severa pode levar o petróleo mais próximo ao nível de US$ 60 o barril.
Na visão da Capital Economics, o impacto sobre commodities nesta semana, em especial sobre o petróleo, ainda não alcançou níveis "problemáticos" de volatilidade ou esgotou a liquidez dos ativos. Porém, a consultoria alerta que os mercados ainda não saíram da zona de risco. "Se os riscos no mercado financeiro se materializarem, eles podem saltar para o mercado das commodities", avalia.
Já o TD Securities afirma que os preços caíram aos níveis mínimos e deve ter espaço para a recuperação. O banco de investimentos projeta que os fluxos do petróleo russo devem continuar elevando a oferta no curto prazo, mas uma recuperação acentuada da demanda chinesa deve promover gargalos significantes até setembro, o que pode oferecer suporte aos preços.
O Commerzbank corrobora essa visão, vendo como "excessiva" e "especulativa" a queda do petróleo na última semana. Para o banco, a posição equilibrada na cadeia de oferta deve terminar no segundo semestre de 2023, "graças a um aumento acentuado na demanda".