Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo operavam em baixa nesta quinta-feira, com o mercado digerindo a queda dos estoques do produto nos EUA, a valorização do dólar, a passagem do furacão Ian pelo Golfo do México, o aumento das tensões geopolíticas e a próxima reunião da Opep.
Às 11h30 (horário de Brasília), o petróleo norte-americano recuava 1,16%, a US$ 81,20 por barril, enquanto o Brent se desvalorizava 1,10%, a US$ 87,08 por barril, no mercado futuro.
O petróleo esboçou certa reação nas últimas duas sessões, ao repicar a partir da mínima de oito meses, com a chegada do furacão Ian ao Golfo do México, provocando transtornos à oferta nos EUA.
A grande tempestade já atingiu a Flórida e, embora o estado tenha sido duramente afetado, as principais instalações petrolíferas do país escaparam, em grande parte, sem danos.
Os preços também estavam sendo parcialmente sustentados pela queda dos estoques de petróleo nos EUA ao longo da semana passada, de acordo com um relatório da Administração de Informações Energéticas, que relatou um recuo de 215.000 barris, dissipando parte das preocupações com a demanda no curto prazo no maior país consumidor do mundo.
Ainda assim, o mercado petrolífero deve registrar seu primeiro trimestre de desvalorização em dois anos, à medida que os bancos centrais ao redor do mundo, com destaque para o Federal Reserve, elevam suas taxas de juros para debelar a inflação, o que pode acabar prejudicando o crescimento futuro.
O Índice Dólar, que compara a moeda americana a uma cesta de seis divisas, atingiu a máxima de 20 anos, na esteira das ações mais agressivas do Fed, o que acabou respingando no mercado petrolífero, já que o petróleo, denominado em dólares, acaba ficando mais caro para compradores estrangeiros.
Dados divulgados nesta quinta-feira mostraram que o PIB dos EUA teve uma contração de 0,6% no segundo trimestre, uma indicação de desaceleração econômica na maior economia do mundo.
Além disso, o índice de preços ao consumidor da Alemanha registrou uma alta de 1,9% no mês de setembro, acumulando um avanço de 10% no ano, o que pode fazer com que o Banco Central Europeu continue elevando de forma veemente as taxas de juros, depois de aumentá-las em 125 pontos-base nas últimas duas reuniões.
Outro ponto de atenção para os investidores é o acirramento das tensões entre a Rússia e o Ocidente, diante da suspeita de sabotagem de gasodutos da rede Nord Stream no Mar Báltico.
Fatih Birol, diretor-geral da Agência Internacional de Energia, afirmou, na quinta-feira, que era “bastante óbvio” quem estava por trás das explosões que provocaram um vazamento de gás, ao acusar a Rússia.
Líderes da UE discutirão, na próxima semana, em uma cúpula em Praga, a resposta do bloco.
Também na próxima semana será realizada a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, grupo conhecido como Opep+. Segundo a Reuters, os principais membros do cartel já estão discutindo possíveis cortes de oferta.
O grupo de grandes produtores anunciou uma modesta redução da oferta no mês passado, em uma tentativa fracassada de evitar a derrocada dos preços do petróleo e, por isso, deve ser forçado a tomar uma ação mais incisiva desta vez. Ainda de acordo com a Reuters, a Rússia deve propor um corte de um milhão de barris por dia.
“Em teoria, isso poderia ser interpretado como um grande corte, mas, na realidade, a redução seria muito menor, dado que o grupo está produzindo bem abaixo das suas atuais cotas”, disseram analistas do ING em nota.