SÃO PAULO (Reuters) - Os preços do suíno vivo alcançaram recordes no Brasil no acumulado de julho, recuperando perdas de meses anteriores no momento em que há uma baixa oferta de animais para abate e melhora na demanda interna, aliada a exportações aquecidas, disse nesta sexta-feira o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Na parcial deste mês (de 30 de junho a 23 de julho), o Indicador Cepea/Esalq do suíno subiu expressivos 40% em Santa Catarina, ao atingir 5,93 por quilo na quinta-feira, o maior patamar real para a série histórica iniciada em 2002. O Estado é líder nacional em produção da proteína.
Ganho semelhante foi visto no Paraná, segundo maior Estado produtor, onde a cotação atingiu 6,05 reais por quilo na quinta-feira, avanço de 42% no mês e pouco abaixo do recorde real de outubro de 2014.
Segundo o Cepea, a reabertura comercial em importantes regiões consumidoras após as medidas de isolamento forçadas pela pandemia de coronavírus fez a demanda local aumentar recentemente, enquanto as exportações seguem fortes, limitando ainda mais a oferta doméstica.
Até a terceira semana de julho, o Brasil embarcou 53,2 mil toneladas de carne suína, média de 4,1 mil toneladas por dia, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Em todo o mês de julho de 2019, as exportações foram de 61,5 mil toneladas, com média diária de 2,7 mil toneladas.
"(Neste cenário) em algumas regiões, especialmente nas de Santa Catarina, os valores médios diários do suíno atingiram patamares recordes reais da série histórica do Cepea... Já em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação, o animal é negociado nas máximas da série do Cepea em praticamente todas as praças", disse o instituto em comunicado.
Em Minas Gerais e São Paulo, as altas no mês foram um pouco mais modestas --de 32% e 34%, respectivamente -- mas também se aproximam das máximas registradas em novembro de 2014.
Segundo a série histórica do Cepea, os preços do suíno vivo no país atingiram as mínimas do ano em abril, auge do isolamento social no Brasil, quando o quilo chegou a ser cotado a cerca de 3,50 reais nas principais praças.
"Mesmo com as valorizações intensas do suíno, o custo de produção da atividade também está em alta", afirmou o Cepea, destacando os preços elevados do farelo de soja e milho, utilizados nas rações, e a alta nos valores de insumos importados, puxada pelo câmbio.
(Por Gabriel Araujo)