SÃO PAULO (Reuters) - O agronegócio do Brasil é responsável pela alimentação de cerca de 800 milhões de pessoas, ou aproximadamente 10% da população global, segundo estudo divulgado nesta quinta-feira pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que mediu dados a partir da produção básica de grãos e oleaginosas do país.
De acordo com os responsáveis pela pesquisa, Elisio Contini e Adalberto Aragão, a cifra obtida leva em conta que os grãos e oleaginosas são a base da alimentação humana --para consumo direto, de alimentos processados ou como insumo para ração para a produção de carnes.
"Em termos de pessoas alimentadas (pelo Brasil), em manifestações de autoridades e trabalhos técnicos os números variavam de 1 bilhão a 1,5 bilhão de pessoas. Decidimos checar estes números, partindo da produção de grãos e oleaginosas do Brasil em relação à mundial", disse Contini em nota.
Os autores consideraram duas perspectivas para o resultado: uma, que leva em conta a produção física de grãos, indicou o Brasil como responsável pela alimentação de cerca de 637 milhões de pessoas em 2020. Outra, que agrega à produção física seu respectivo valor monetário, aponta para 772,600 milhões de pessoas alimentadas pela produção local no ano passado.
Contini e Aragão consideram o segundo resultado como o mais próximo da resposta exata, já que ele leva em conta a multiplicação dos preços internacionais dos produtos, medidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pela produção de grãos local.
Os resultados, conforme variação dos preços e safras, flutuam de acordo com o ano estudado --em 2019, outro período considerado pelo trabalho, o cálculo da população alimentada pelo Brasil chegava a 809,472 milhões, devido aos preços.
"Assim, pode-se afirmar que ao redor de 800 milhões de pessoas são alimentadas pelo Brasil, incluindo a população brasileira", concluíram os autores, que citam ainda a população global em torno de 7,76 bilhões de pessoas em 2020.
Além da nova medição, o estudo também apontou que a participação do Brasil no mercado mundial de alimentos saltou de 20,6 bilhões de dólares para cerca de 100 bilhões de dólares nos últimos dez anos, com destaque para carne, soja, milho, algodão e produtos florestais.
Os cálculos mostraram ainda que a participação do Brasil na produção mundial de grãos cresceu de 6% em 2011 para 8% em 2020, segundo a Embrapa, com a agropecuária nacional avançando na esteira da forte demanda da China, principal compradora de soja e carnes do Brasil.
Segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve produzir uma safra recorde de 268,3 milhões de toneladas de grãos em 2020/21, alta de 4,4% na comparação anual.
(Por Gabriel Araujo)