SÃO PAULO/SINOP, Mato Grosso (Reuters) - Os protestos de caminhoneiros e transportadoras em algumas rodovias do centro-sul do Brasil estão causando prejuízos à indústria produtora e exportadora de carne suína e de aves, reduzindo abates de animais e ameaçando as exportações do país, disse nesta segunda-feira a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
As manifestações, que se intensificaram nos últimos dias no Paraná e Santa Catarina, importantes Estados produtores de carnes do Brasil, estão ainda afetando o fornecimento de ração aos produtores integrados de aves e suínos.
"Perdas já há... há redução de abates. Concretamente, não temos (como quantificar), mas há queixas de perdas efetivas das principais empresas do setor", afirmou à Reuters o presidente da ABPA, Francisco Turra, referindo-se a problemas enfrentados pelas principais companhias do setor, como BRF, JBS e Aurora.
No frigorífico Marombi, que abate 70 mil frangos por dia em Sorriso (MT), a produção poderá parar na quarta-feira, caso os bloqueios na estrada não sejam suspensos. Marombi vende frango apenas no mercado brasileiro, para os Estados de Mato Grosso, Rondônia e Acre.
"A gente consegue até ir e voltar com frango vivo, com ração também. Mas não chegam os caminhões com câmaras frias para carregar o produto processado", afirmou o gerente industrial Alessio Di Domenico, destacando que os estoques da fábrica estão quase lotados.
O setor de aves e suínos movimenta diariamente no país 220 milhões de reais por dia.
Os protestos promovidos por transportadores e caminhoneiros contra os baixos preços de frete e os custos com combustíveis prejudicam o transporte de cargas e o escoamento de produtos do agronegócio em diversos Estados brasileiros nesta segunda-feira. As manifestações estão intensas também em Minas Gerais e Mato Grosso, o principal Estado produtor de grãos do Brasil.[nL1N0VX158]
Segundo Francisco Turra, cerca de cem contêineres com carne para a exportação ficaram parados em bloqueios nos últimos dias.
"Estamos muito apreensivos e acompanhando... Se continuar o protesto pode ter impacto na exportação", disse Turra, dizendo que as vendas externas vinham bem neste mês.
A associação já entrou em contato com os governos estaduais e federal, pedindo medidas contra os protestos.
(Por Roberto Samora em São Paulo e Gustavo Bonato em Sinop, Mato Grosso)