Toronto (Canadá), 7 abr (EFE).- Os investimentos em energias renováveis no mundo todo somaram no ano passado US$ 214,4 bilhões, o que significa uma redução de 14% em relação a 2012, embora sua parcela no conjunto do setor energético global tenha aumentado, segundo um relatório internacional apresentado nesta segunda-feira.
O relatório também assinalou que, quanto à capacidade e sem contar a energia hidrelétrica, 43,6% das novas instalações iniciadas em 2013 para gerar eletricidade procedeu das energias renováveis, o que mantém a tendência de alta das tecnologias "verdes".
"O fato de que a energia renovável esteja ganhando uma maior parcela do mercado global de geração (de energia) é encorajador", disse em comunicado Achim Steiner, vice-secretário-geral da ONU e diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
"Para continuar o apoio, devemos reavaliar prioridades de investimentos, mudar incentivos, aumentar a capacidade e melhorar as estruturas de governo", acrescentou.
Os autores do relatório, realizado pela Frankfurt School, o Pnuma e o Bloomberg New Energy Finance, informaram à Agência Efe que as enormes subvenções que os combustíveis fósseis recebem estão afetando negativamente os investimentos em energias renováveis.
Michael Liebreich, presidente do conselho assessor do Bloomberg New Energy Finance, declarou durante a teleconferência na qual se apresentou o relatório que "claramente, a resposta é sim. Os subsídios a combustíveis fósseis prejudicam" os investimentos em energias renováveis.
Recentes dados da Agência Internacional de Energia (AIE) apontam que as subvenções que os combustíveis fósseis recebem no mundo todo se situam em cerca de US$ 600 bilhões ao ano, quase três vezes mais que os investimentos em energias renováveis.
Liebrich acrescentou que a maioria dos subsídios são realizados em países exportadores de petróleo e gás "como o Irã e algumas das repúblicas centrais da Ásia".
"Eu diria que é quase mais importante, não o subsídio, mas o subsídio implicado de custo externalizado, como o custo em termos de saúde pela poluição causada em grandes cidades. E esses custos não aparecem nos números de subsídios aos combustíveis fósseis, mas aparecem em nossos orçamentos sanitários", disse Liebrich.
O relatório também destacou que em 2013, sem a capacidade proporcionada pelas energias renováveis, as emissões de dióxido de carbono relacionadas com o setor energético teriam sido de 1,2 gigatoneladas superiores.
No continente americano, com exceção de Estados Unidos e Brasil, os investimentos em energias renováveis aumentaram 26% e chegaram a US$ 12 bilhões.
Os autores também destacaram que graças à drástica redução dos custos dos sistemas de energia fotovoltaica, em 2013 foi instalado o número recorde de 39 gigawatts (GW) de capacidade por menos dinheiro que os 31 GW instalados em 2012.
As maiores quedas em investimentos foram constatadas nos segmentos dos biocombustíveis (26% de redução em relação a 2012) e biomassa e lixo (28% menos).
Os investimentos em energia solar caíram 20% (até US$ 114 bilhões) e os investimentos em pequenos projetos hidrelétricos (de menos de 50 megawatts) diminuíram 16%.
Já os investimentos em energia eólica se mantiveram praticamente sem variação em US$ 80 bilhões.
Apenas os investimentos em energia geotérmica aumentaram 38%, até alcançar os US$ 2,5 bilhões.
Também em 2013, e pela primeira vez na história, a China investiu mais em energia renovável (US$ 56 bilhões) que toda a Europa (US$ 48 bilhões) devido à redução em 44% dos investimentos europeus.
Nos Estados Unidos a redução foi de 10% para situar-se em US$ 36 bilhões, enquanto no Brasil foi de 54% (US$ 3 bilhões).