Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - As geadas registradas no Paraná desde o fim de semana não prejudicaram as lavouras de grãos, mas os receios quanto à colheita de inverno no Estado permanecem em razão de chuvas aquém do esperado, disse o Departamento de Economia Rural (Deral) nesta segunda-feira.
A forte onda de frio que se desloca pelo Paraná provocou geadas principalmente na porção sul do Estado, e há alerta de que o fenômeno ocorra também na terça-feira, de forma moderada, conforme monitoramento do Sistema Meteorológico paranaense (Simepar).
Mesmo assim, são áreas em que o plantio de trigo ainda não deslanchou e que não respondem pelo grosso da produção local de milho, explicou o agrônomo Carlos Hugo Godinho, do Deral, descartando, por ora, perdas de produção.
"Nem é tanto a geada, é a seca que ainda preocupa. No oeste, até teve uma chuva mais volumosa, já deu para dar uma tranquilizada. No sul choveu e o plantio de trigo deve dar uma 'arrancada'. Mas no norte a situação ainda preocupa", afirmou ele à Reuters.
Nos últimos 30 dias, as precipitações no norte paranaense ficaram quase 100 milímetros aquém do normal, segundo o Thomson Reuters Agriculture Weather Dashboard. Mesmo no oeste e sul, as chuvas ainda estão abaixo do esperado para esta época do ano, apesar da recente melhora.
Pelas próximas duas semanas, as chuvas ainda serão inferiores à média em todo o norte paranaense, frustrando as expectativas de quem apostava em alguma umidade.
O milho de segunda safra no Paraná, cuja colheita está em vias de começar, está em pior condição do que em 2015/16, quando uma estiagem também provocou quebra de produção.
Pela estimativa mais recente do Deral, de abril, o Paraná reduziu a área plantada e deve colher 12,24 milhões de toneladas de milho "safrinha" neste ano, 8 por cento abaixo de 2016/17, quando as condições climáticas foram praticamente perfeitas. Mas o próprio departamento já avalia revisão para baixo da estimativa.
No caso do trigo, cujo plantio vinha atrasado, o Deral prevê um salto de 48 por cento na produção deste ano, para 3,3 milhões de toneladas, ante 2,2 milhões em 2016/17, quando diversos problemas climáticos, incluindo uma forte geada no inverno, prejudicaram as lavouras.
Godinho destacou que essas projeções serão revisadas ainda nesta semana.