MOSCOU (Reuters) - Os militares da Ucrânia suspenderam as operações em seus portos depois que forças russas invadiram o país por terra e mar, disse um assessor do chefe de gabinete do presidente nesta quinta-feira, à medida que crescem as preocupações sobre o fluxo de suprimentos de um dos maiores exportadores mundiais de grãos e oleaginosas.
A Rússia havia suspendido anteriormente o movimento de navios comerciais no mar de Azov até novo aviso, mas manteve os portos russos no Mar Negro abertos para navegação, disseram autoridades e cinco fontes do setor de grãos.
O presidente russo, Vladimir Putin, autorizou "uma operação militar especial" contra a Ucrânia nesta quinta-feira para eliminar o que chamou de uma séria ameaça, dizendo que seu objetivo é desmilitarizar o vizinho do sul da Rússia.
"O mercado ainda está tentando obter uma imagem clara sobre a situação militar real no terreno. Os portos de Azov e do Mar Negro até agora parecem não ter sido danificados, de acordo com relatos iniciais da agência de navegação", disse um comerciante de grãos europeu.
"A próxima etapa que terá de ser enfrentada é qualquer declaração de força maior, se os navios simplesmente não puderem ser carregados e os contratos não puderem ser cumpridos", acrescentou o trader.
A Rússia, maior exportadora de trigo do mundo, embarca principalmente seus grãos por meio de portos no Mar Negro.
O mar de Azov abriga portos de águas rasas de menor capacidade.
Os portos marítimos de Azov exportam principalmente trigo, cevada e milho para importadores do Mediterrâneo como Turquia, Itália, Chipre, Egito e Líbano.
"Esses países seriam obrigados a buscar suprimentos alternativos se os navios ficarem presos e não puderem partir em um futuro próximo", disse outro trader europeu.
A Rússia e a Ucrânia respondem por 29% das exportações globais de trigo, 19% do fornecimento mundial de milho e 80% das exportações mundiais de óleo de girassol.