SÃO PAULO (Reuters) - A distribuição de aços planos no Brasil reduziu a atividade em abril, conforme aumentam as incertezas sobre a economia diante da aproximação das eleições de outubro, informou nesta terça-feira a associação que representa o setor, Inda.
As vendas dos distribuidores em abril caíram 14,4 por cento ante março, para 225,1 mil toneladas, mantendo tendência de redução no ritmo iniciada em março. Na comparação com abril do ano passado, as vendas subiram 5,4 por cento.
"Está perdendo o vapor, todos os setores, com exceção de automotivo", disse o presidente do Inda, Carlos Loureiro, a jornalistas.
Segundo os dados da entidade, no primeiro bimestre, as vendas na comparação com um ano antes tinham subido 19,6 por cento, mas no trimestre o ritmo de alta caiu para 12 por cento, apontando para nova desaceleração, a 9 por cento, no fim do semestre.
"O que está segurando as expectativas é a insegurança política... Veículos, máquinas agrícolas ainda estão bem, mas construção civil o crescimento está praticamente nulo", disse Loureiro.
Com a redução na atividade, os distribuidores terminaram abril com estoques maiores, em 4,4 por cento na comparação com março, a 962 mil toneladas. O volume é suficiente para 4,1 meses de vendas, um montante considerado alto pelo Inda.
Segundo Loureiro, a lentidão do mercado interno tem dificultado reajustes de preços de aço pelas usinas produtoras. O reajuste recente anunciado por CSN (SA:CSNA3), Usiminas (SA:USIM5), ArcelorMittal, que entrará em vigor no início de junho, foi suficiente apenas para deixar os preços no mercado interno menos deprimidos que os preços cobrados fora do país.
"Se pegar o preço hoje (do aço plano) no Brasil e o dólar de ontem, o prêmio está negativo em 10 a 12 por cento", disse Loureiro em referência à diferença dos preços entre os mercados interno e externo. "Com os reajustes que as usinas anunciaram recentemente, o prêmio deve ficar em um dígito baixo", acrescentou ele.
Segundo o presidente do Inda, as três usinas anunciaram aumentos de preços para junho, de entre 8 e 15 por cento dependendo do produto, e a Gerdau (SA:GGBR4) informou que pretende seguir as rivais nos reajustes, mas não especificou índices.
Questionado se as usinas poderiam elevar novamente os preços após junho, se o dólar se mantiver em alta e os insumos também, Loureiro afirmou que as usinas estão em forte disputa pelo mercado interno, o que, junto com os estoques já elevados nos distribuidores, poderá reduzir novos movimentos futuros.
"Do jeito que está o mercado, ninguém compra antecipado e o estoque também já está alto", disse o presidente do Inda.
A entidade começou 2018 estimando alta de 5 a 7 por cento nas vendas sobre 2017 e chegou a avaliar elevar a projeção para dois dígitos ao final do primeiro bimestre. Mas diante da desaceleração verificada em março e abril, o Inda resolveu manter a projeção de crescimento prevista no início do ano.
(Por Alberto Alerigi Jr.)