Por Roberto Samora e Marcelo Teixeira
SÃO PAULO (Reuters) - As vendas de etanol pelas unidades produtoras do centro-sul do Brasil na primeira parte de setembro cresceram ligeiramente com impulso de fortes exportações, superando pela primeira vez na safra 2020/21 o total comercializado em uma quinzena na comparação com o mesmo período do ano anterior.
A comercialização pelas usinas somou 1,337 bilhão de litros, ante 1,333 bilhão de litros registrados na primeira quinzena de setembro de 2019, também por conta de uma demanda maior pelo etanol anidro, misturado à gasolina na proporção de 27,5% no Brasil.
No acumulado da safra até 16 de setembro, contudo, as vendas de etanol pelas usinas do centro-sul acumulam retração de mais de 16%, para 13,08 bilhões de litros, impactadas pela menor demanda devido aos efeitos da pandemia.
Com vendas menores de etanol e preços favoráveis para açúcar, produto amplamente exportado pelo Brasil ainda mais com um câmbio favorável, usinas estão destinando grande parte da matéria-prima para a produção do adoçante, algo que potencialmente poderia ser atenuado no caso de uma recuperação mais sensível da demanda pelo combustível.
No ano, as exportações de etanol acumulam alta de 34%, totalizando 1,25 bilhão de litros, enquanto as vendas de mercado interno registram redução em torno de 19,5%, para 11,82 bilhões de litros.
Na quinzena, as exportações aumentaram cerca de 185%, para 155,75 milhões de litros, enquanto a quantidade comercializada de etanol anidro teve aumento de 9% no mercado interno, para 367,46 milhões de litros no mesmo período. As vendas de etanol hidratado (usado diretamente nos veículos flex) no Brasil somaram 813,48 milhões de litros, queda de 13,57%.
"A retração nas vendas de etanol hidratado combustível nesta quinzena foi inferior àquela verificada nos outros meses da safra e, além disso, foi parcialmente amenizada pelo crescimento das exportações e pelas vendas de etanol anidro", disse o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues.
"Apesar da melhora (em setembro), números preliminares de mercado indicam que o consumo de combustíveis leves ainda segue em queda no país em função das medidas de isolamento e das alterações no padrão de mobilidade", acrescentou.
MOAGEM E AÇÚCAR
A moagem de cana no centro-sul totalizou 44,39 milhões de toneladas na primeira metade de setembro, alta de 12% na comparação anual, enquanto a produção de açúcar subiu 56% no mesmo período, para 3,18 milhões de toneladas, reflexo da melhor qualidade da matéria-prima e do mix mais açucareiro.
No acumulado do ciclo, a moagem somou 459,45 milhões de toneladas, crescimento de 4,56% no comparativo anual, com o tempo seco favorecendo o avanço dos trabalhos. Já a produção de açúcar havia atingido até aquele momento cerca de 29 milhões de toneladas, aumento de 45%, com usinas aumentando o volume de cana para o adoçante a 47% do total moído.
O volume fabricado de etanol, por sua vez, registrou queda de 4,65% na primeira quinzena, para 2,29 bilhões de litros. Desse total, o volume de anidro aumentou 9%, atingindo 745,37 milhões de litros. A produção quinzenal de hidratado apresentou queda de 10%, totalizando 1,54 bilhão de litros.
No acumulado desde o início da safra até 16 de setembro, a produção de etanol alcançou 21,26 bilhões de litros --queda de 8% na comparação anual--, dos quais 14,90 bilhões de litros são de hidratado e 6,36 bilhões de litros de anidro.
(Por Roberto Samora e Marcelo Teixeira, em Nova York)