Por Marianna Parraga
NOVA YORK (Reuters) - A Venezuela divulgará ainda este mês uma nova e audaciosa estratégia para recuperar o preço depreciado do petróleo, a mesma já utilizada no passado pela Opep, de criar faixas de preços que estabeleceriam um piso automático de 70 dólares por barril.
Em uma entrevista exclusiva à Reuters, o embaixador venezuelano na Organização das Nações Unidas (ONU) e por muitos anos ministro do Petróleo do país, Rafael Ramirez, disse que a proposta – a ser apresentada em uma reunião de assessores técnicos da Opep em 21 de outubro – reaplicaria um antigo mecanismo de cortes progressivos de produção para controlar os preços, com um "primeiro piso" de 70 dólares por barril e alvo posterior de 100 dólares o barril.
"Vamos tentar recuperar progressivamente o preço", disse ele. A proposta representa o primeiro resultado público de um esforço global conduzido há meses pela Venezuela para angariar apoio a medidas para recuperar o preço do petróleo.
Ramires, que já foi também presidente da estatal PDVSA, disse que concorda com a ideia da Arábia Saudita de que produtores não membros da Opep, como México e Rússia, também devem participar dos cortes de produção junto com os países membros da organização. Mas ele reconheceu que pode ser difícil se chegar a um consenso.
"Há um grave problema de desentendimento dentro da Opep", disse ele. "Não fomos capazes de reagir de uma maneira rápida desta vez e alcançar um consenso, como fizemos em 2008", acrescentou.
A Opep não adota uma política de meta para os preços em mais de uma década, desde que abandonou uma faixa entre 22 e 28 dólares instituída após o colapso dos preços no final dos anos 1990.