BRASÍLIA (Reuters) - Apontado como revendedor de vacinas, Luiz Paulo Dominguetti confirmou nesta quinta-feira à CPI da Covid do Senado que o então diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, pediu-lhe propina no valor de 1 dólar por dose para acertar a aquisição pela pasta de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca (NASDAQ:AZN) (SA:A1ZN34) contra Covid-19.
Representante da empresa Davati Medical Supply, Dominguetti disse que foi oferecido ao ministério a venda de cada dose por 3,50 dólares. Contudo, Dias cobrou-lhe um adicional de um dólar para cada dose.
"Pedido dessa majoração foi exclusivamente do senhor Roberto Dias", afirmou ele à CPI.
"Nunca se buscou uma facilidade por parte dele. Essa facilidade não ocorreu porque ele sempre colocou o entrave no sentido de que, se não se majorasse a vacina, não teria aquisição por parte do ministério", reforçou.
O representante da empresa confirmou à CPI o relato que fez em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Roberto Dias foi exonerado do cargo logo após a revelação do jornal.
Dominguetti, que é cabo da ativa da Polícia Militar de Minas Gerais e disse atuar como representante para complementar renda, afirmou que recusou da oferta e depois deixou o encontro que tiveram, num restaurante localizado em um shopping em Brasília, onde o pedido de pagamento de propina teria sido feito.
Ele também disse não saber quantas doses da vacina da AstraZeneca contra Covid-19 a Davati possuía, alegando que essas informações eram confidenciais e pertencentes à empresa que afirma representar.
(Reportagem de Ricardo Brito; Edição de Eduardo Simões)