Preocupação com demanda por combustível retorna após novos surtos de Covid-19 e lockdowns

Publicado 17.07.2020, 18:47
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Por Ahmad Ghaddar e Stephanie Kelly e Laura Sanicola

LONDRES/NOVA YORK (Reuters) - Uma nova disparada no número de casos de coronavírus está desacelerando a recuperação no consumo de combustíveis em meio às medidas de "lockdown" aplicadas nos Estados Unidos e em outros países, o que aumenta as preocupações de que uma retomada no consumo após o impacto da pandemia poderá levar anos.

A demanda global por combustíveis recuou em 25% no auge dos "lockdowns", quando mais de 4 bilhões de pessoas em todo o mundo tiveram de se isolar em suas casas. O declínio sem precedentes na demanda forçou produtores a promover cortes recordes de bombeamento e estocar centenas de milhões de barris de petróleo.

O consumo de combustíveis recuperou parte do terreno perdido à medida que governos flexibilizaram as restrições de circulação e os cortes de produção colocaram um freio no excesso de demanda.

No entanto, essa recuperação tem estagnado, conforme o número de infecções volta a disparar nos EUA, maior consumidor global de combustíveis, e mantém a tendência de alta em outras grandes economias, como Brasil e Índia.

Na semana terminada em 11 de julho, a demanda por gasolina no varejo norte-americano cedeu 5% em relação à semana anterior, segundo a GasBuddy, empresa que monitora as compras de gasolina em tempo real, depois que diversos Estados voltaram a impor restrições para controlar surtos de Covid-19.

Uma semana antes, a demanda também havia recuado -- com isso, houve quedas por duas semanas seguidas pela primeira vez desde março, quando os "lockdowns" começaram.

"Normalmente, esse período de duas semanas teria sido o pico de demanda, e não conseguimos atingi", disse John Kilduff, sócio da Again Capital em Nova York.

No mundo, a demanda por gasolina avançou em quase 3 milhões de barris por dia (bpd) em junho ante maio, maior crescimento mensal da história, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA,na sigla em inglês).

Mas os mercados estão preocupados com a possibilidade de que alguns países sejam atingidos por uma disparada de casos, assim como os EUA, em novas ondas da pandemia.

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A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) acredita que uma segunda onda de casos pode fazer com que a demanda caia em 11 milhões de bpd neste ano, segundo um estudo interno da Opep visto pela Reuters. As expectativas atuais são de uma queda de 9 milhões de bpd na comparação anual.

"Se a segunda onda se materializar, a demanda global por petróleo vai se recuperar de forma muito mais lenta em 2021, arrastando os efeitos da pandemia sobre o mercado por ainda mais tempo", disseram analistas da Rystad Energy.

(Reportagem de Ahmad Ghaddar e Bozorgmehr Sharafedin em Londres, Stephanie Kelly, Laura Sanicola e Jessica Resnick-Ault em Nova York e Sonali Paul em Melbourne)

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