Por Andrea Shalal e Katanga Johnson
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou uma ordem executiva nesta quarta-feira para que o governo norte-americano avalie os riscos e benefícios da criação de um dólar digital pelo banco central, bem como outras questões envolvendo criptomoedas, anunciou a Casa Branca.
O anúncio causou um movimento de valorização do bitcoin e de uma série de outros ativos digitais. Às 14h45 (horário de Brasília), o bitcoin disparava 9,1%, para 42.289 dólares, a caminho do maior ganho desde 28 de fevereiro. O Ethereum subia 6,45% a 2.744 dólares.
O pedido de Biden exigirá que o Departamento do Tesouro, o Departamento de Comércio e outras agências norte-americanas preparem relatórios sobre "o futuro do dinheiro" e o papel que as criptomoedas desempenharão.
"O mercado foi claramente animado com as conversas sobre apoiar a inovação responsável e uma abordagem construtiva para regular a economia de tokens digitais em evolução", disse a equipe da Bitfinex Trading, em nota.
A ampla supervisão do mercado de criptomoedas, que ultrapassou 3 trilhões de dólares em novembro, é essencial para garantir a segurança nacional dos EUA, a estabilidade financeira e a competitividade do país, além de evitar a crescente ameaça de crimes digitais, disseram autoridades do governo norte-americano.
Uma das principais medidas da ordem de Biden orienta o governo a avaliar a infraestrutura tecnológica necessária para uma possível emissão de moeda digital pelo banco central dos EUA (CBDC), que seria uma versão eletrônica das notas de dólar.
A ordem também incentiva o Federal Reserve a continuar os esforços de pesquisa e desenvolvimento.
Os fundos negociados em bolsa (ETFs) que rastreiam futuros de bitcoin e que ganharam aprovação regulatória no final do ano passado também saltaram. ProShares Bitcoin Strategy ETF (NYSE:BITO) e Valkyrie Bitcoin Strategy ETF (NASDAQ:BTF) subiam 10,1% e 10,2%, respectivamente.
Nove países lançaram moedas digitais de bancos centrais e 16 outros – incluindo China e Brasil – começaram o desenvolvimento de tais ativos digitais, de acordo com o Atlantic Council, levando alguns em Washington a temer que o dólar possa perder parte de seu domínio para a China.
A ordem de Biden determina que as agências norte-americanas, incluindo a SEC e o Consumer Financial Protection Bureau, devem analisar outras questões levantadas pelas criptomoedas, incluindo risco sistêmico e proteção ao consumidor.
Um dos principais objetivos é corrigir as ineficiências no atual sistema de pagamentos dos EUA e aumentar a inclusão financeira, especialmente dos norte-americanos pobres, cerca de 5% dos quais atualmente não têm contas bancárias devido às altas tarifas, segundo o governo.