Bitcoin recua em meio à escalada da tensão entre EUA e China

Investing.com - O mercado de criptomoedas voltou a operar sob forte tensão nesta terça-feira (14), refletindo a escalada nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China e o aumento da aversão ao risco global. A possibilidade de uma nova guerra tarifária, reacendida pelas declarações de Donald Trump defendendo tarifas de até 100% sobre importações chinesas, deslocou o fluxo de capital para ativos considerados mais seguros, como o ouro. Em contrapartida, o Bitcoin perdeu força rapidamente, acompanhando as bolsas internacionais e ampliando a correlação com os mercados acionários. Por volta das 17h (horário de Brasília), o clima era de cautela generalizada entre investidores.

De acordo com dados da Binance, o Bitcoin era negociado a US$ 112.618,10, em queda de 2,77% no dia, enquanto o Ethereum caía 3,37%, cotado a US$ 4.107,11. Entre as principais altcoins, a XRP registrava um dos piores desempenhos, recuando 5,41% para US$ 2,4828. O movimento reforça a falta de tração uniforme no mercado, com investidores priorizando ativos com maior liquidez e menor volatilidade relativa. As quedas ocorrem após o rompimento do suporte dos US$ 115 mil, que desencadeou uma nova rodada de liquidações alavancadas.

O estopim da aversão ao risco veio de Washington, mas encontrou eco imediato em Pequim. Além das ameaças tarifárias vindas dos EUA, a China respondeu com novas sanções a subsidiárias ligadas ao setor marítimo norte-americano, sinalizando que está disposta a “lutar até o fim” em caso de escalada comercial. Paralelamente, os ETFs de Bitcoin registraram saídas líquidas superiores a US$ 300 milhões nos últimos dias, com destaque para os fundos da Grayscale (NYSE:GBTC) e Fidelity (ETR:FBTCG), enquanto até mesmo grandes players institucionais reduziram exposição. Com o ouro batendo recordes acima de US$ 4.100 por onça, a narrativa do “ouro digital” mais uma vez foi colocada à prova.

Diante desse cenário, a postura predominante no mercado cripto é defensiva. Analistas relatam queda expressiva no interesse aberto de derivativos e redução quase total do uso de alavancagem, sinal de que especuladores estão deixando o jogo. A negociação migra para posições à vista e oscilações mais contidas, criando um ambiente de consolidação entre US$ 111 mil e US$ 116 mil. Sem novos estímulos institucionais, o Bitcoin pode seguir pressionado — mas, com os riscos já parcialmente precificados, eventuais sinais de trégua política ou cortes de juros podem rapidamente inverter o humor.

"Os sinais técnicos apontam para um movimento de exaustão no curto prazo, com o RSI em 39 indicando proximidade da zona de sobrevenda após um forte rali recente. Embora os retornos negativos no horizonte mensal, trimestral e semanal reforcem a pressão vendedora, o ativo ainda respeita suportes estruturais importantes, mantendo-se acima da média de 200 dias — sinal de que a tendência de longo prazo segue intacta. A volatilidade elevada e a liquidez robusta mostram que o mercado continua ativo, com predominância institucional e preferência pelo Bitcoin mesmo em cenários de aversão ao risco. Historicamente, movimentos semelhantes de correção acompanhados por aumento de dominância e saída de capital especulativo precederam fases de consolidação antes de novos avanços, o que mantém o cenário em aberto entre alívio técnico e possível armadilha para otimistas", analisou o WarrenAI.