O mercado de ativos digitais vive meses de instabilidade e de baixa com as maiores criptomoedas estando cotadas a preços mais de 60% mais baixos do que no ano passado.
Apesar disso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) não parece preocupado com a baixa e com os problemas do mercado de criptomoedas. Isso mesmo após várias empresas do setor enfrentarem dificuldades financeiras em um verdadeiro “contágio”.
Para a organização, esses colapsos e crises não vão afetar o mercado financeiro de forma mais ampla.
FMI diz não se preocupar com inverno cripto
De acordo com um relatório publicado pelo Fundo nesta terça-feira (26), ao qual o CoinDesk teve acesso, o mundo vive hoje sérios problemas financeiros.
O cenário é agravado pela alta inflação que traz consigo o fantasma de uma eventual segunda recessão global em um período de apenas dois anos.
Os conflitos entre a Rússia e Ucrânia e os bloqueios devido à Covid-19 contribuem para esse cenário preocupante, segundo o FMI.
Mas o que não corre o risco de impactar o mercado financeiro mais amplo, segundo o FMI, é o mercado cripto. Isso porque o setor estaria isolado dos bancos convencionais. Por isso, não há o que se falar de um “contágio” generalizado da baixa das criptomoedas.
Vale destacar que, recentemente, diversas empresas cripto passaram – e ainda passam – por dificuldades. Várias exchanges de criptomoedas precisaram fazer demissões em massa de seus funcionários. Além disso, várias empresas precisaram paralisar os saques dos seus clientes diante de uma grande instabilidade. Outras empresas tiveram que entrar com pedido de falência e várias precisaram de “resgates”.
Além do cenário macroeconômico global, o mercado de ativos digitais foi duramente impactado pelo colapso do ecossistema Terra (LUNA) e por sua stablecoin Terra USD (UST). A UST perdeu a sua paridade com o dólar dos EUA em maio deste ano e provocou a derrocada da rede como um todo.
No entanto, todos esses aspectos e o fato de o mercado cripto ter perdido boa parte de seu valor, não abalam o FMI:
“Os transbordamentos para o sistema financeiro mais amplo foram limitados até agora”, disse o FMI.
Além disso, o Fundo citou ainda o que chamou de uma “venda dramática que levou a grandes perdas” para os investidores em criptomoedas.
Bitcoin impacta ou não o mercado financeiro?
Vale destacar que em janeiro deste ano três economistas membros do FMI alertaram que o aumento da correlação entre o Bitcoin (BTC) e o mercado de ações representa um risco global.
De acordo com Adrian Tobias, Tara Iyer, e Mahvash S. Qureshi, esta relação pode criar choques capazes de desestabilizar todo o mercado financeiro.
“O aumento da correlação entre os mercados de criptomoedas e ações indicam uma crescente interconexão entre as duas classes de ativos que permite a transmissão de choques que podem desestabilizar os mercados financeiros”, alertaram eles.