Por Dave Graham
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - O impacto de uma primeira grande iniciativa anticorrupção do presidente mexicano Andres Manuel López Obrador espalhou-se pela classe política do país nesta quarta-feira, conforme a investigação ameaça envolver autoridades do último governo, incluindo o ex-presidente.
No centro da investigação está Emilio Lozoya, ex-presidente-executivo da estatal petrolífera Petroleos Mexicanos (Pemex), que o governo acusa de irregularidades financeiras durante o comando do executivo, entre 2012 e 2016.
O procurador-geral do México disse que um mandado de prisão contra Lozoya foi emitido depois que surgiram alegações sobre seu papel na compra pela Pemex de negócios de fertilizantes em dificuldades, bem como sobre suas negociações com a brasileira Odebrecht, atingida por escândalos de corrupção em toda a América Latina.
Lozoya ainda não falou publicamente sobre as acusações, mas seu advogado disse nesta quarta-feira que o alto escalão do governo anterior, incluindo o ex-presidente Enrique Pena Nieto, deve testemunhar sobre o que eles sabiam em relação às operações da Pemex.
Observando que os ministros de finanças, economia e energia detém assentos no conselho da empresa, o advogado de Lozoya, Javier Coello, disse que o governo consequentemente assinou embaixo de qualquer ato da petroleira.
"Eu até convocaria o presidente Pena Nieto", disse Coello à emissora Televisa. "Nada neste país aconteceu sem que houvesse instruções do presidente."
O procurador-geral mexicano Alejandro Gertz não detalhou as acusações contra Lozoya, mas disse que o caso está sendo preparado há meses. Ele também disse que o papel desempenhado sob Pena Nieto pelos ministros que faziam parte do conselho da Pemex ainda precisa ser examinado.
O maior resultado da investigação até agora foi a prisão na terça-feira em Mallorca, na Espanha, do magnata do aço Alonso Ancira, acusado pelo governo de pagar propinas a Lozoya.
Mandados de prisão para outros suspeitos também foram emitidos e Coello disse que a casa de Lozoya na Cidade do México foi alvo de buscas.
O responsável pela área anti-lavagem de dinheiro do ministério de finanças, Santiago Nego, disse que o caso tem vínculos com a Odebrecht, cujos executivos confessaram subornos a políticos em toda a América Latina.
O atual presidente mexicano, Lopes Obrador, assumiu o cargo em dezembro prometendo combater a corrupção no setor público do país, que ele afirma ser um legado de seus adversários políticos.
(Por Dave Graham)