Por Marco Oehrl
Investing.com – Já é bem conhecida a fama do criptomercado como uma espécie de “Velho Oeste”, mas até agora as autoridades têm trabalhado com muita lentidão para implementar uma regulamentação adequada ao bitcoin, ethereum e outros ativos digitais.
O colapso da Terra e da FTX provocou prejuízos a milhões de investidores, exercendo pressão para que as autoridades tomem alguma ação. Isso, no entanto, pode levar a uma eventual adoção de medidas regulatórias inadequadas e exageradas, sem resolver os pontos mais importantes.
A senadora americana Elizabeth Warren considera as criptos uma ameaça à segurança nacional e diz que elas devem ser tratadas sob essa ótica. Em sua visão, isso implicaria a tomada de medidas que removessem completamente a privacidade das transações com criptos.
Todos os atores envolvidos no processo das transações devem ser considerados como “instituições financeiras”, tendo a obrigação de registrar todos os dados pessoais dos seus usuários.
Esse tipo de controle e monitoramento deve ser recebido com bastante receptividade na Europa, o que é importante em termos de uma regulamentação global uniforme.
Com a legislação Mercados de Criptoativos (MiCA, na sigla em inglês), adotada em versão preliminar em meados do ano, a União Europeia concordou que as plataformas de criptomoedas deveriam relatar transações para carteira fora da sua zona de abrangência, caso excedessem o valor de 1000 euros.
Além disso, leis no sentido de evitar a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo deverão se aplicar ao setor cripto. Com isso, as exchanges serão obrigadas a permitir que transações envolvendo carteiras não hospedadas ocorram apenas se as identidades do remetente e do destinatário forem esclarecidas sem sombra de dúvida. Isso torna praticamente impossível a realização de transações anônimas.
Neste ponto, há um amplo acordo com a medida regulatória proposta pela senadora Elizabeth Warren.
O especialista Ryan Sean Adams considera que essa medida é ultrajante, transformando os EUA em um “estado de vigilância”:
“Em vez de confiarmos nos valores da nossa Constituição, estamos seguindo a China em um autoritarismo digital de meia-tigela”.
Will Clemente, cofundador da Reflexivity Research, adverte que essa vigilância não teria impedido a quebra da FTX.
Ou poderia? Registros de fluxos de capital nas exchanges não evita que elas enfrentem dificuldades financeiras. A FTX tinha licenças para operar em vários países, inclusive nos EUA e na UE. Isso não protegeu seus usuários.
Pontos técnicos no bitcoin
O bitcoin registrava uma queda de 2,09% no momento da redação, ao preço de US$ 17.530, enquanto sua valorização semanal é de cerca de 5,12%.
Na quarta-feira, a criptomoeda conseguiu superar a média móvel de 55 dias, com uma máxima diária de US$ 18.351. No entanto, o fechamento diário novamente ficou abaixo da média e da retração de 38,2% de Fibo a US$ 17.841. Uma segunda tentativa de rompimento acima da zona de resistência falhou, abrindo espaço para uma queda até a retração de 23,6% de Fibo a US$ 16.986.
Apenas se essa zona de resistência for superada com firmeza é que pode haver uma recuperação até a retração de 50% de Fibo a US$ 18.533.