Arena do Pavini - O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Marcelo Barbosa, afirmou ontem que a IOSCO, organização internacional dos reguladores de mercados de capitais, está preparando um comunicado alertando para os riscos do Bitcoin. “Fizemos um alerta ao mercado no mês passado sobre o Bitcoin e levamos uma proposta na última reunião da IOSCO para que entidade fizesse o mesmo, mas alguns representantes de alguns países acharam que isso poderia interferir no avanço de alguns mercados”, afirmou, durante apresentação na comemoração dos 60 anos da Itaú (SA:ITUB4) Asset Management, em São Paulo, ontem à noite. “Recentemente, recebemos uma minuta de alerta sobre Bitcoins da IOSCO, que deve ser divulgado em breve, o que nos deixou muito contentes por estarmos certos em nossa visão”, disse.
Segundo ele, cada novo presidente da CVM nos últimos anos encontrou um “bicho” novo: boi gordo, avestruz, numa alusão às pirâmides financeiras como as da Fazenda Reunidas Boi Gordo e a Avestruz Master, que quebraram deixando milhares de investidores sem suas aplicações. “Agora nós encontramos o Bitcoin”, disse.
Ele destacou que as estimativas são de que existam no Brasil 1 milhão de investidores em Bitcoins, o dobro de registros na bolsa B3 (SA:BVMF3).
A criptomoeda ganhou força recentemente com o lançamento de contratos futuros na Bolsa de Chicago nesta semana. No Brasil, o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, se mostrou preocupado com uma eventual bolha do Bitcoin. “Um taxista me perguntou sobre Bitcoin e quando uma aplicação chega nesse nível de popularidade é preocupante”, disse, durante almoço com jornalistas. Finkelsztain afirmou que, apesar disso, a B3 pretende estudar o lançamento de contratos futuros ou algum tipo de produto para critptomoedas, não necessariamente para Bitcoins. “Temos recebido demandas de intermediários por esses produtos”, disse.
BC alerta para bolha
Também o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, alertou para o risco de bolha no mercado de moedas virtuais. “Moedas virtuais do jeito que estão hoje com essa subida vertiginosa, onde não há lastro, não há ninguém para regular, levam a um risco tal que o Banco Central emitiu um comunicado alertando para os riscos”, disse, também durante a apresentação de ontem. Hoje, ele repetiu o alerta, em entrevista à imprensa.
Ele destacou que essas moedas têm atualmente duas funcionalidades. Uma delas é comprar para vender na frente com a alta.
“É uma bolha, uma pirâmide”, disse. A outra “funcionalidade” é usar como instrumento de atividade ilícita. “Usar as moedas virtuais não isenta da pena, da punição”, alertou.
O interesse crescente dos agentes econômicos pelo uso das chamadas moedas virtuais levou o Banco Central a divulgar comunicado, em novembro,sobre o risco desse tipo de moeda, que, além de não ser emitida, não tem a garantia de qualquer autoridade monetária.
De acordo com o BC, as moedas virtuais podem também não ter a garantia de conversão para moedas soberanas, como, por exemplo, a libra esterlina, e “tampouco são lastreadas em ativo real de qualquer espécie, ficando todo o risco com os detentores”. “Seu valor decorre exclusivamente da confiança conferida pelos indivíduos ao seu emissor”, diz o comunicado.
Bitcoin supera os US$ 11 mil
A cotação da moeda virtual bitcoin superou no dia 29 de novembro, pela primeira vez, a barreira de US$ 11 mil, em meio a temores de que a sua bolha exploda, fazendo com que o seu preço, que multiplicou por dez em menos de um ano, despenque
De acordo com a agência EFE, um bitcoin estava cotado a US$ 11.186,29 poucas horas depois de ter superado a barreira de US$ 10 mil, uma progressão que disparou os temores de que os investidores estejam superestimando o valor da criptomoeda.
Na ocasião, o vice-governador para a Estabilidade Financeira do Banco da Inglaterra, Jon Cunliffe, ressaltou que uma eventual queda da cotação da bitcoin representaria um risco leve para a economia global, embora possa ser um grande perigo para as pessoas físicas que investiram nela.
Com informações da Agência Brasil.
Por Arena do Pavini