A stablecoin TerraUSD (UST) da Terra entrou em colapso na segunda-feira (9) e chegou a cair mais de 30%. Como resultado, a moeda caiu abaixo de US$ 0,70 e perdeu totalmente a sua paridade com o dólar.
Durante o dia, a UST chegou a recuperar parte do seu valor, mas ainda opera com queda de 10%. Nesta terça, às 11h39 a moeda recuava 7,07%
O impacto da queda da UST também atingiu o token principal da Terra, o LUNA, que desabou 49% em 24 horas.
Por causa da desvalorização súbita, a Luna Foundation Guard (LFG) – instituição que cuida da UST e do LUNA – se desfez de todos os seus Bitcoin (BTC). A criptomoeda líder do mercado foi comprada pela LFG para dar lastro para a stablecoin, só que todas as reservas foram liquidadas.
De acordo com o site oficial da LFG, a fundação possuía cerca de 42 mil BTC em seu balanço. Mas na manhã desta terça-feira (10) as reservas caíram a zero. Aparentemente, os BTC foram emprestados pela LFG com o objetivo de adquirir dólares e tentar segurar a paridade da UST com o dólar.
Entenda o caso
Ao longo da segunda-feira, várias incertezas começaram a surgir a respeito da capacidade da LFG de manter a paridade de sua stablecoin com o dólar. Essa preocupação deu início a uma forte onda de operações que derrubaram o preço da UST abaixo de US$ 0,70.
Normalmente, as stablecoins costumam perder levemente sua paridade com o dólar, caindo para US$ 0,99, por exemplo. Quando essas pequenas quedas acontecem, a emissora da stablecoin tende a ir ao mercado e comprar a stablecoin, aumentando sua demanda até que ela retorne à sua paridade.
Essa arbitragem ocorre quando a empresa possui reservas suficientes para ir ao mercado e realizar esta arbitragem. Como a stablecoin é recomprada abaixo de US$ 1,00, a empresa emissora chega de fato a ter lucro nesta operação, que é realizada em dólares.
Mas a LFG também começou a lastrear o valor da UST em Bitcoin, criando reservas da criptomoeda. Nesse sentido, o CriptoFácil relatou diversas compras de BTC realizadas pela fundação, que chegou a acumular 42 mil BTC em suas reservas. Dessa forma, parecia que a stablecoin tinha estabelecido um lastro forte.
Início das dúvidas
O problema é que o preço do BTC também começou a cair, perdendo 18% de seu valor nos últimos sete dias. Com essa queda, as reservas da UST começaram a cair em termos de dólar, pois o BTC perdeu valor. De fato, o BTC perdeu 22,6% de seu valor desde a última compra feita pela LFG em 15 de abril.
Essa queda despertou dúvidas a respeito da capacidade da LFG em manter essa paridade. Afinal, eles venderiam o BTC em queda para honrar o lastro? Ou será que a LFG de fato não possui as reservas para manter essa paridade de 1 para 1 com o dólar?
O tema ocupou boa parte do vídeo lançado pelo Mestre em Economia Fernando Ulrich na segunda-feira, onde este problema foi abordado. De acordo com Ulrich, o mercado está testando a capacidade da LFG em garantir a estabilidade do valor da UST.
“Estamos vendo uma stablecoin algorítmica, em tese descentralizada, sendo testada na prática, e os desenvolvedores tentando manter a sua paridade. Não sei se eles (LFG) terão fundos suficientes para defender a paridade, mas atenção e cuidado ao colocar dinheiro em stablecoins”, disse Ulrich.
Binance trava saques de LUNA
Por causa do forte impacto da queda da UST no preço do token LUNA, o volume de operações nas exchanges disparou. Isso levou a Binance a suspender nesta terça-feira os saques tanto do LUNA quando da UST.
A empresa interrompeu as retiradas “devido a um alto volume de transações de retirada pendentes”. Ou seja, muitos usuários querendo sacar suas criptomoedas. De acordo com o anúncio, a Binance reiniciará os saques à medida que os “volumes retornarem à normalidade”.