Por Geoffrey Smith
Investing.com -- A limpeza comandada por Sam Bankman-Fried na esteira da confusão causada pelo colapso do fundo de hedge 3 Arrows Capital continua a todo vapor.
A Voyager Digital, plataforma de criptoinvestimentos com sede no Canadá, disse que vai limitar os saques diários dos clientes, nos termos de um resgate de US$ 200 milhões obtidos junto ao hedge fund do CEO da FTX na quinta-feira.
A Alameda Research, através da qual Bankman-Fried gerencia uma carteira de investimentos criptos, é o maior acionista da Voyager, com uma participação de 11,86%. Na quarta-feira, a Voyager confirmou que tinha fechado um acordo de crédito rotativo com a Alameda no valor de US$ 200 milhões em caixa e 15.000 Bitcoins (equivalentes a mais US$ 30 milhões na cotação desta semana) para amparar os ativos dos seus clientes, após o colapso da 3AC deixá-la diante de perdas maciças.
A exposição da Voyager na 3AC consiste em 15.250 Bitcoin e 350 milhões de USD Coin, uma stablecoin com paridade em relação ao dólar. Para efeitos de comparação, ela possui apenas US$ 152 milhões em caixa sem restrições.
A 3AC, com sede em Hong Kong, disse na semana passada que contratou consultores de reestruturação depois de ter sido pega absolutamente desprevenida pelo colapso da rede Terra Luna e as quedas acentuadas de outras altcoins este ano. O seu colapso expôs uma série de falhas de gestão de risco em outras plataformas de crédito e investimento cripto, a maioria das quais enfrentou dificuldades em lidar com pedidos de saque crescentes em meio à derrocada dos preços das criptomoedas nas últimas semanas.
A Voyager, que se vangloriava dos mais de 4 milhões de usuários únicos e cerca de US$ 5,8 bilhões em ativos na sua plataforma, segundo seus resultados mais recentes, afirmou que pretende ir atrás da 3AC pelo que lhe é devido, mas "não é capaz de avaliar neste momento o montante que conseguirá recuperar".
A Voyager limitará, com efeitos imediatos, os saques diários ao equivalente a US$ 10.000, em contraste com os US$ 25.000 anteriores. Isso ainda representa um maior grau de liquidez do que dispõem os clientes de diversas outras plataformas de empréstimos cripto, incluindo a Celsius Network, onde todos os saques foram suspensos já há 11 dias.
Os limites refletem as restrições impostas à Voyager nos termos do seu resgate. A Alameda insistiu em que a Voyager não utilize mais que US$ 75 milhões em nenhum período consecutivo de 30 dias, e que a sua dívida deve ser limitada a cerca de 25% dos ativos dos clientes na plataforma, menos que US$ 500 milhões. Também insistiu que a Voyager encontrasse fontes de financiamento adicionais no prazo de 12 meses.
Bankman-Fried interveio na quinta-feira para resgatar a BlockFi, outra plataforma de ativos digitais também afetada pelo colapso da 3AC, que também estruturou um crédito rotativo de porte semelhante ao da Voyager.