Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de 2022 e perdendo popularidade, o presidente Jair Bolsonaro, em discurso a empresários nesta terça-feira, associou rivais na disputa a temas como a volta do imposto sindical, insegurança jurídica e "ativismo trabalhista", em um pedido velado de apoio eleitoral.
"Ano que vem é ano de eleição e de renovação para presidente governador, senador, deputado e vocês sabem, já tem experiência, para saber o que aconteceu no mínimo de 2010 para cá, para saber quem está no caminho certo e quem não está", disse Bolsonaro em evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Depois de apresentar seus feitos em relação ao agronegócio, incluindo o que disse ser uma menor atividade do Movimento Sem-Terra e a liberação para fazendeiros comprarem armas, Bolsonaro pouco falou sobre benefícios de seu governo à indústria, mas associou seus possíveis rivais eleitorais a temas como volta do imposto sindical e disse ter indicado ao Tribunal Superior do Trabalho ministros mais simpáticos às empresas.
"A decisão passa pelos senhores, passa pela nossa população. Alguém quer a volta do imposto sindical? Alguém quer um ativismo em cima da legislação trabalhista? Olha o perfil das pessoas que eu encaminhei para o TST. Será que se fosse outra pessoa, de outro perfil, como estaria o TST, propenso a que lado? Como é duro ser patrão no Brasil, eu sei disso", disse.
O presidente criticou mais uma vez o Supremo Tribunal Federal (STF), que analisa o novo marco temporal das terras indígenas, e a legislação trabalhista. Reclamou de que pessoas flagradas adotando práticas trabalhistas consideradas análogas à escravidão possam perder suas terras, e lembrou que o presidente que assumir em 2023 indicará mais dois ministros para o STF.
"Não estou criticando o STF, mas alguns ministros", disse Bolsonaro, ao dizer, sem apresentar evidências, que o novo marco temporal obrigaria a demarcar mais terras indígenas. "Nós temos que encorajar as pessoas a trabalharem e a investir. Elas não podem viver à sombra da insegurança jurídica."
Aumento ou criação de impostos e segurança jurídica são temas caros aos empresários. No entanto, o imposto sindical, a que Bolsonaro se refere, foi encerrado na reforma trabalhista feita durante o governo de Michel Temer, não no seu governo.
Já insegurança jurídica é ainda citada pelos empresários como uma das maiores dificuldades de investimento no Brasil, especialmente devido às constantes crises políticas e a mudanças, como a proposta no teto de gastos, com a PEC dos Precatórios, medida vista como essencial pelo governo para permitir o pagamento de um benefício social aos mais vulneráveis impactados pela pandemia da Covid-19.