Por Leika Kihara
TÓQUIO (Reuters) - O banco central do Japão cortou inesperadamente a taxa de juros para território negativo nesta sexta-feira, surpreendendo os investidores com outra medida audaciosa para reanimar a economia num cenário em que os mercados voláteis e a desaceleração do crescimento global ameaçam seus esforços para superar a deflação.
As ações asiáticas saltaram, o iene caiu e os títulos soberanos avançaram depois que o Banco do Japão disse que vai cobrar por uma porção das reservas que os bancos deixarem na instituição, uma política agressiva que teve como pioneiro o Banco Central Europeu (BCE).
"O importante é mostrar às pessoas que o banco central está comprometido em alcançar inflação de 2 por cento e que vai fazer o que for preciso para alcançar isso", disse o presidente do BC, Haruhiko Kuroda, em entrevista à imprensa após a decisão.
Ao adotar taxa de juros negativa, o Japão está lançando mão de uma nova arma em sua longa batalha contra a deflação, que desde a década de 1990 desencoraja os consumidores a fazerem grandes compras porque esperam que os preços caiam mais. A deflação é considerada como a raiz de duas décadas de mal-estar econômico.
Kuroda disse que a terceira maior economia do mundo está se recuperando de forma moderada e que a tendência de preços está subindo de modo firme.
"Mas existe o risco de que as recentes quedas nos preços do petróleo, incertezas sobre as economias emergentes, incluindo a China, e instabilidade nos mercados globais possa afetar a confiança empresarial e adiar a erradicação da mentalidade deflacionária do povo", disse ele.
Em uma decisão por 5 votos a 4, o Banco do Japão decidiu cobrar juros de 0,1 por cento em depósitos de conta corrente selecionados que instituições financeiras mantiverem na instituição.
O banco central também disse em comunicado ao anunciar a decisão que cortará ainda mais a taxa de juros em território negativo se necessário.
(Reportagem adicional de Stanley White, Tetsushi Kajimoto, Kaori Kaneko e Joshua Hunt)