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Bolsa na máxima: “Agora vai” ou é hora de se defender?

Publicado 04.09.2024, 10:15
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O investidor brasileiro que está comprado em ações domésticas há algum tempo, certamente viu suas convicções sendo testadas durante a péssima performance dos ativos brasileiros no primeiro semestre. A bolsa brasileira chegou a cair 20% em dólares, num período de alta para as bolsas globais e, inclusive, emergentes. 

Não é nada confortável assistir sua carteira de ações despencar enquanto o resto do mundo bate recorde atrás de recorde. Essa foi a vida do investidor brasileiro até o final de junho. De lá para cá, absolutamente tudo mudou.

Hoje, o Ibovespa flerta com os 140 mil pontos, mesmo sem a “ajuda” de Petrobrás e Vale. Ou seja, o movimento de alta vem sendo mais homogêneo, sem um ou dois protagonistas que possam mascarar uma performance fraca do restante do índice. Em pouco mais de dois meses, o Ibovespa acumula alta de 15% em reais. Apenas no mês de agosto, o EWZ (NYSE:EWZ) (ETF que replica a performance em dólar da bolsa brasileira, mas seguindo a composição do índice internacional MSCI Brasil ao invés da composição do Ibovespa) chegou a atingir uma extravagante valorização de 15% entre máxima e mínima.

Afinal, quais foram os vetores para tal movimento? Existe espaço para a bolsa alcançar patamares ainda mais altos ou os riscos não compensam? Exploraremos estes pontos a seguir.

Primeiro, precisamos entender como está o cenário lá fora. Nos EUA, a economia e o lucro das empresas seguem crescendo (menos, mas crescendo). Apesar dos bons resultados, a expectativa era altíssima e, por isso, algumas companhias que reportaram bons números viram suas ações caírem nos dias seguintes. 

A Microsoft (NASDAQ:MSFT), por exemplo, reportou um bom resultado, que veio, inclusive, acompanhado de lucro por ação e receita superiores às expectativas. Entretanto, o crescimento abaixo do esperado da parcela de clouding fez o papel cair 6% no dia seguinte. 

O interessante, é que essa decepção com a receita de clouding foi de “míseros” 1% (US$ 28.5 bilhões contra a expectativa de US$ 28.7 bilhões). Este comportamento do mercado mostra a sensibilidade dos investidores às surpresas negativas, num momento de valuations esticados.

Olhando para o macro, a ata do FOMC e o discurso de Powell no simpósio de Jackson Hole em agosto colocaram um fim ao maior questionamento do mercado desde o FED parou de subir juros: quando será o primeiro corte. Agora, o corte em setembro está dado e investidores voltam suas atenções para a magnitude do corte. Um corte de 25bps parece o mais provável, desde que os próximos dados (especialmente o payroll que será divulgado na primeira sexta feira útil de setembro) não sejam exageradamente fracos. 

No último dia 29, foi divulgado o PIB dos EUA no 2º trimestre, que cresceu 3% e superou as expectativas do mercado. O consumo robusto afasta temores de recessão, sugerindo que o FED pode adotar um ciclo de cortes de juros mais gradual, ajustando o juro real sem a necessidade de combater diretamente uma desaceleração intensa.

Na minha humilde visão, este seria o melhor cenário para os ativos de risco, em especial os emergentes. Um cenário de dados muito fracos, que obriguem o FED a cortar 50bps direto, poderia reacender os temores de recessão na maior economia do mundo e deixar os investidores com a sensação de que o FED demorou a iniciar o processo de afrouxamento monetário. Um início harmonioso, com cortes graduais e dados de inflação e emprego convergindo para as expectativas, é o que todo alocador de capital gostaria de assistir nos próximos meses na economia americana.

Até o momento, este vem sendo o cenário base do mercado: economia americana desacelerando (sem recessão), com inflação controlada, emprego em níveis satisfatórios e FED conduzindo essas variáveis cortando juros. Este cenário é extremamente benéfico para incentivar os tomadores de risco a buscarem alternativas em países emergentes e é aí que entra o nosso querido Brasil.

Mais de R$ 10,5 bilhões de recursos estrangeiros entraram na bolsa brasileira desde o final de junho. Apesar de, do nosso ponto de vista, enxergarmos a bolsa “nas máximas”, não podemos esquecer que, na visão do estrangeiro, a bolsa brasileira ainda está bem longe da máxima em dólares. Outros fortes compradores de ações neste período são as empresas da bolsa, que estão recomprando suas próprias ações. Neste período, quem vem vendendo as ações para financiar a compra de estrangeiros e das empresas, são os investidores institucionais (que estão sofrendo muitos resgates) e as pessoas físicas (que costumam apresentar esse comportamento de vender suas ações “porquê subiram”).

Além do cenário americano benéfico que falamos anteriormente, outros fatores estão ajudando no fluxo para a bolsa brasileira. O primeiro deles é a concorrência com a bolsa mexicana, que é vista como um dos principais pares do Brasil e compete diretamente por recursos estrangeiros. A bolsa mexicana vem acumulando performance fraca e repelindo investimentos, numa combinação de riscos políticos, PIB mais fraco do que as expectativas e a nomeação de um acadêmico para a presidência da Pemex (a “Petrobrás Mexicana”). 

Já vimos este filme por aqui, não é mesmo?

Outro fator que vem ajudando no fluxo para cá está relacionado à mitigação de alguns riscos macroeconômicos relevantes, como o fiscal e a sucessão na presidência do Banco Central. 

Com relação ao fiscal, o Senado aprovou o projeto de compensação da desoneração da folha de pagamentos e dos municípios, com diversas medidas que devem auxiliar na redução do rombo fiscal. Algumas declarações do ministro Fernando Haddad defendendo a revisão de programas sociais para corrigir distorções e a possibilidade de arrecadação bilionária com os mais de 100 pedidos de autorização para criação de sites de apostas esportivas (as famosas bets), também reduziram marginalmente os receios de um maior descontrole fiscal de curto prazo.

Sobre a questão envolvendo a sucessão no Banco Central, o governo oficializou a indicação de Gabriel Galípolo para substituir Roberto Campos Neto na presidência a partir do ano que vem. Apesar de tal indicação não ser de todo surpreendente, ela coloca um ponto final em um dos principais riscos que o mercado monitorava: a possibilidade do Brasil possuir um presidente do Banco Central que fosse um fantoche político do governo e que tomasse as rédeas da política monetária sem o mesmo viés técnico de Roberto Campos Neto.

Por fim, o encerramento da temporada de resultados referentes ao segundo trimestre do ano das empresas do Ibovespa trouxe maior otimismo com relação aos fundamentos das companhias. De forma geral, as empresas surpreenderam as expectativas do mercado nos números de receita, EBITDA e lucro líquido. 

Além disso, algumas delas revisaram seus guidances para cima, indicando um futuro mais promissor do que antes projetado. Com isso, o mercado vem revisando as perspectivas de lucros das ações para cima e muitas delas vêm passando por expansão de múltiplos.

Afinal, o mercado esticou ou “agora vai”? É importante pontuar que setores extremamente relevantes para o Ibovespa não vêm performando tão bem, especialmente o de Mineração & Siderurgia e o de Óleo, Gás & Petroquímicos. A principal razão para essa performance fraca é decorrente da forte queda no preço das principais commodities que por tanto tempo “carregaram” nossa bolsa: o petróleo Brent e o minério de ferro (ambas justificadas por receios de uma desaceleração global e uma demanda mais fraca, especialmente da China). 

Enquanto o Ibovespa renova máximas, a VALE3 (BVMF:VALE3), que possui mais de 11% de peso na composição do Ibovespa e divide com a Petrobrás o cargo de principal empresa da bolsa, acumula queda de 17% no ano. Ou seja, diferente de outras máximas históricas rompidas no passado, essa alta recente não foi acompanhada por Petrobrás, Vale e seus respectivos segmentos.

Olhando para múltiplos de negociação, o Ibovespa segue negociando em patamares bem abaixo das suas médias históricas, ao passo que as empresas estão com balanços bem mais saudáveis, com alavancagem controlada e distribuindo mais dividendos do que a média dos últimos anos. 

Ou seja, na minha percepção, é muito difícil defender tecnicamente a tese de que o mercado de ações brasileiro está caro, olhando para os fundamentos das companhias.

Também sob a ótica de valor relativo, não me parece correto dizer que os ativos brasileiros estejam esticados com relação aos nossos pares globais ou emergentes. 

Muito pelo contrário... Quando observamos a performance do EWZ, podemos perceber que, na visão do estrangeiro, nossa bolsa ainda cai mais de 10% em dólares este ano e se encontra nos mesmos níveis vistos em 2015, durante a crise doméstica do governo Dilma. 

Enquanto isso, o ano de 2024 vem sendo um ano de ganhos expressivos e recordes para as bolsas globais e, inclusive, para pares emergentes, como a Índia.

Há muitos anos vinha sendo consenso no mercado que a bolsa brasileira estava barata, mas carecia de catalisadores. Ou seja, faltava “momentum”. Agora, com todo o cenário descrito acima de ventos favoráveis vindos do exterior, balanços das empresas surpreendendo expectativas, perspectivas de melhores resultados adiante, macro doméstico menos nebuloso do que já foi no primeiro semestre, fluxo estrangeiro voltando e bolsa brasileira reagindo, me parece razoável estar otimista com o futuro dos ativos brasileiros, que podem fechar, ao menos parcialmente, o gap de performance visto para os demais pares globais, uma vez que os múltiplos de negociação da bolsa ainda se encontram bastante abaixo das médias históricas. 

Além disso, ainda temos as duas principais empresas da bolsa (Petrobrás e Vale) com possibilidades reais de valorização expressiva no caso de recuperação das commodities, que estão negociando nas mínimas de muitos meses. 

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