Juros futuros ficam perto da estabilidade após dados de inflação dos EUA

Publicado 14.08.2025, 16:55
Atualizado 14.08.2025, 17:00
© Reuters. Notas de 200 reaisn02/09/2020. REUTERS/Adriano Machado

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam praticamente estáveis nesta quinta-feira, conforme a pressão de rendimentos mais altos nos títulos dos Estados Unidos foi compensada pela percepção entre analistas nacionais de desaceleração da atividade econômica no Brasil com base em indicadores recentes.

No fim da tarde, a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 estava em 13,93%, ante o ajuste de 13,931% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,2%, ante o ajuste de 13,22%.

Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,4%, ante 13,428% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,54%, ante 13,563%.

No cenário externo, o foco esteve em torno da renovação das perspectivas para a política monetária do Federal Reserve, depois que um relatório do governo dos EUA mostrou que a inflação ao produtor subiu bem mais do que o esperado no país em julho.

O índice de preços ao produtor teve ganho de 0,9% no mês anterior, ante estabilidade em junho e acima do avanço de 0,2% projetado em pesquisa da Reuters. Em 12 meses, a taxa atingiu uma alta de 3,3%, de 2,4% anteriormente.

O resultado fomentou temores de agentes financeiros de que as tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, possam estar finalmente impactando os preços no país, o que, em breve, pode atingir os consumidores. Com isso, operadores passaram a ver menos espaço para um corte de juros pelo Fed em setembro.

As apostas agora mostram uma chance de 93% de uma redução de 0,25 ponto percentual da taxa no próximo mês, segundo dados da LSEG. Antes dos dados, o corte estava totalmente precificado, com 3% de chance de uma redução maior de 0,5 ponto, na esteira de dados recentes fracos de emprego.

Essa mudança de cenário fazia os rendimentos dos Treasuries dispararem, pressionando taxas de juros futuras ao redor do mundo. O rendimento do Treasury de dois anos -- que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo -- tinha alta de 5 pontos-base, a 3,737%.

No Brasil, a pressão vinda dos EUA foi compensada por um movimento baixista provocado por dados econômicos publicados nesta semana. Analistas têm apontado evidências de uma desaceleração econômica, o que permitiria um afrouxamento da taxa de juros em breve.

"Essa falta de direção tem muito a ver com os sinais mistos que a gente vem colhendo. Dado de inflação ao produtor dos EUA veio bem acima das expectativas", disse Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos.

"Mas no geral, os indicadores de atividade no Brasil têm mostrado sinais de resfriamento", acrescentou.

Em particular, Sueishi destacou os dados de vendas no varejo bem abaixo do esperado divulgados na quarta-feira e números de inflação -- medida pelo IPCA -- inferiores às projeções dos economistas na terça-feira.

Em relação ao impasse comercial entre Brasil e EUA, os investidores ainda avaliam o plano de contingência do governo para ajudar empresas afetadas pela tarifa de 50% de Washington. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou medida provisória na véspera que traça um pacote de auxílio.

No geral, analistas têm dito que o plano do governo foi em linha com o esperado, incluindo a linha de crédito de R$30 bilhões, mas se surpreenderam com a projeção de que R$9,5 bilhões das despesas previstas na MP ficarão fora da contabilidade da meta fiscal, após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ter dito que as medidas não exigiriam gastos fora da meta.

"O impacto fiscal da MP não é tão relevante nos números, mas houve um pouco de desconforto com a decisão de excluir R$9,5 bilhões do arcabouço fiscal. A manobra contábil acende alerta sobre precedentes", afirmou Sueishi.

O governo segue tentando negociar a tarifa com os EUA, mas tem tido dificuldades em abrir canais de diálogo com o parceiro comercial.

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