Lucro do BB tomba 60% no 2º tri; banco reduz payout para 30%
Investing.com - O pregão desta quinta-feira (14) traz um movimento de recuperação para as ações do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), que subiam 2,18% a R$ 19,70 às 15h12, no dia em que a instituição divulga seu balanço trimestral após o fechamento do mercado. A alta ocorre depois de semanas de pressão vendedora e abre espaço para duas leituras distintas no mercado: estaria o investidor antecipando uma melhora nos resultados ou apenas ajustando posições de curto prazo para reduzir riscos?
Essa é a provocação realizadas pela corretora de investimentos CM Capital em postagem na rede social ’X’. Apesar da valorização, os papéis ainda são negociados com desconto em relação ao histórico recente e a pares do setor. Isso cria espaço para uma reprecificação caso o banco traga sinais de melhora nos números, segundo a CM Capital. Mais do que o resultado passado, a atenção deve se concentrar no guidance para os próximos trimestres, especialmente em métricas como crédito, provisões e receitas de serviços — áreas que podem influenciar rapidamente o humor do mercado.
Há também o componente técnico: investidores que mantinham posições vendidas podem estar recomprando ações antes do anúncio, evitando exposição ao risco de surpresa positiva. Assim, o fechamento de hoje e a reação no pregão seguinte devem mostrar, segundo a CM Capital, se o movimento desta tarde é sustentado por confiança nos fundamentos ou se trata apenas de um reposicionamento pontual.
A expectativa do mercado é que o banco estatal apresente um lucro por ação (LPA) de R$ 0,98, com uma receita esperada de R$ 35,97 bilhões.
Por que as ações do Banco do Brasil apresenta desempenho ruim em 2025?
Fizemos essa pergunta para o WarrenAI, o ChatGPT de investimentos do Investing.com disponível para os assinantes do InvestingPro. Segue abaixo a resposta do nosso consultor de finanças de inteligência artificial (IA).
As ações do Banco do Brasil acumulam perda de 16,8% no ano e recuo de 24,4% nos últimos 12 meses. A desvalorização acompanha um cenário de deterioração acentuada dos resultados: no primeiro trimestre de 2025, o lucro líquido despencou 57,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto a receita caiu 34,7%. A combinação indica não apenas pressão sobre margens, mas também enfraquecimento das principais linhas de receita.
O desempenho marca uma reversão significativa em relação a 2024, quando o lucro havia avançado 4,8%. Para analistas, a volatilidade recente reflete a precificação antecipada dessas dificuldades, agora confirmadas pelos números divulgados.
No campo da avaliação, os múltiplos permanecem em patamares atrativos — P/L de 4,0 vezes e P/VP equivalente a 77,4% da média dos últimos três anos —, mas a perspectiva de valorização depende de uma retomada consistente dos lucros. Embora o potencial teórico de alta seja estimado em 27,5% em relação ao valor justo, a tendência negativa dos resultados mantém os investidores cautelosos.
Por que houve deterioração dos lucros do Banco do Brasil?
O desempenho mais fraco do Banco do Brasil em 2025 tem como principal catalisador a Resolução nº 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), em vigor desde janeiro, que proíbe o reconhecimento de receitas em contratos com atraso superior a 30 dias. A mudança afeta de forma mais intensa instituições com forte atuação no crédito rural, segmento em que o BB é líder.
A inadimplência no agronegócio vem subindo em meio a condições climáticas adversas, compressão de margens e custos de produção elevados, além de incertezas e pressões relacionadas a tarifas.
O banco retirou seu guidance para 2025 ainda no primeiro trimestre, ampliando a percepção de incerteza operacional. No cenário macroeconômico, a exposição ao setor agropecuário — historicamente um dos principais vetores de expansão da carteira de crédito — passou a ser vista como um risco adicional, na avaliação de Daniel Nogueira, Sales de Renda Variável da InvestSmart XP InvestSmart XP.