Carnes e ovos já mostram arrefecimento, o que não significa queda de preço, diz diretor dO BC

Publicado 31.03.2025, 19:38
Atualizado 31.03.2025, 23:10
© Reuters Carnes e ovos já mostram arrefecimento, o que não significa queda de preço, diz diretor dO BC

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse nesta segunda-feira, 31, que carne e ovos já mostraram um arrefecimento, o que não significa necessariamente uma queda de preço.

"Alimentação no domicílio com variação elevada, mas teve alguma moderação, destaque aí para café e ovos, que eu acho que estão no holofote com essa alta recente", disse.

"Carnes, óleo de soja, leite e arroz no quarto trimestre tiveram um aumento muito grande e, agora, algum arrefecimento", ressaltou. "De novo, arrefecimento não necessariamente é queda de preço, é queda de inflação. Inflação é a variação de preço. Então, o preço pode se manter elevado e você não vai ver inflação", acrescentou durante o Ciclo de Palestras, organizado pela Faculdade ESEG, para tratar de conjuntura econômica, em São Paulo.

Guillen reiterou que a moderação de crescimento é um cenário básico que começa a se delinear. Ele repetiu ainda que o Banco Central manteve a hipótese de juro real neutro em 5% no último Relatório de Política Monetária (RPM).

Ele voltou a afirmar que o hiato do produto deve se tornar negativo no horizonte de 18 meses. "Hiato do produto, no primeiro trimestre de 2025 estimado em 0,6%, ou seja, um hiato positivo (...) Então é um hiato positivo e um hiato que sai de positivo e vai para negativo em 18 meses, para -0,8%, ou seja, tem uma desaceleração de crescimento indicando que o hiato, que hoje está positivo, vai se reduzindo e fica negativo daqui a 18 meses", afirmou.

Mercado de trabalho

O diretor de Política Econômica do Banco Central disse há pouco que ainda há muitas dúvidas sobre o dinamismo do mercado de trabalho no Brasil, em meio aos efeitos da pandemia e da reforma trabalhista, por exemplo.

"Ao longo de 2023, a gente via um mercado de trabalho com taxa de desemprego caindo, mas a gente não sabia onde era a Nairu. Ou seja, qual é a taxa de desemprego que não leva a um aumento da inflação? Será que é a mesma do pré-pandemia? Será que é outra por causa da reforma trabalhista? Tem muita incerteza em torno desse tema", disse.

Ele comentou que parte do trabalho do Banco Central foi, inclusive, observar o desempenho dos salários que, segundo ele, podem ser um indicador defasado das pressões. "Porque primeiro vai no volume, depois vai no preço, depois vai no salário, mas eles refletem a pressão. Qual é o poder de barganha dos trabalhadores e, consequentemente, o aumento de salários", disse.

Guillen também repetiu que o Banco Central revisou sua projeção de crescimento este ano de 2,1% para 1,9%, no Relatório de Política Monetária (RPM) divulgado na semana passada.

Selic

O diretor de Política Econômica do Banco Central disse que a defasagem temporal da política monetária justifica a alta de menor magnitude na taxa Selic sinalizada na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O ciclo de alta, no entanto, permanecerá em meio à resiliência na inflação e ao dinamismo da economia.

"Um dos grandes temas da última reunião do Copom foi a sinalização sobre o que a gente vai fazer, que a gente indicou aí um ajuste de menor magnitude na próxima reunião, isso confirmando o cenário esperado", disse. "E aí eu acho que o ciclo deve continuar, porque você tem um cenário adverso de inflação, por tudo que eu falei, expectativa desancorada, resiliência de crescimento, projeções, mercado de trabalho, tudo isso levando a um cenário adverso e exigindo o ciclo. Por que menor magnitude? A menor magnitude tem as defasagens inerentes ao ciclo."

Somado às defasagens ligadas à política monetária, Guillen cita ainda o cenário de incerteza como fator que leva a uma menor magnitude no ajuste. "Então são dois componentes levando a essa indicação de menor magnitude. A primeira já é a própria defasagem, já sugeriria uma menor magnitude, além disso você tem outro componente que é a incerteza. Eu vejo como dois degraus aqui para menor magnitude", resumiu.

Ele citou ainda a incerteza em relação a quanto será essa menor magnitude. "A gente deixa em aberto justamente por causa da incerteza, não querendo dar um sinal preciso sobre a próxima reunião. Então a incerteza permeia muito do debate de política monetária sobre sinalização e sobre construção do cenário", reforçou.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.