Por Gabriel Codas
Investing.com - O Banco Central divulgou, nesta segunda-feira (17), mais uma edição do Boletim semanal Focus, trazendo pela sétima semana consecutiva a estimativa de menor queda do crescimento da economia brasileira em 2020. Além disso, os economistas elevaram a expectativa para o IPCA e mantiveram para o dólar e taxa Selic. Outra novidade foi a redução da previsão da Selic para o fim do ano que vem.
Apesar da leve melhora, o cenário ainda é de uma crise econômica bastante intensa no país por conta da pandemia da Covid-19, mantendo sinais que pode ser menos pior do que esperada anteriormente.
PIB
A exemplo do período anterior, a projeção do PIB brasileiro avançou, mas ainda se mantém sob uma queda intensa. A estimativa agora é uma retração de 5,52% do PIB em 2020, contra 5,62% da semana passada. Há quatro semanas, a projeção estava em -5,95%. Para 2021, a estimativa segue de crescimento em 3,50% e se manteve em 2,50% para 2022 e 2023.
Inflação
Os analistas elevaram a estimativa de 1,63% para 1,67%. Há quatro semanas, o mercado via uma inflação encerrando 2020 em 1,72%. A aposta para o fechamento do ano-calendário segue abaixo do centro da meta de 4,00% e abaixo do piso da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Houve a manutenção das estimativas de inflação para 2021 - horizonte da política monetária do Banco Central sob o sistema de metas de inflação -, com os analistas estimando o IPCA em 3,00%. A estimativa também fica abaixo do centro da meta de inflação estipulado para o ano que vem, de 3,75%.
Entre os cinco maiores acertos do Boletim, o chamado Top-5, a previsão é de um IPCA no fim do ano, a 1,60%, enquanto há 4 semanas a estimativa estava em 1,64%. Para 2021, o TOP-5 prevê a inflação oficial em 3,01%.
Selic
Os analistas seguem esperando que a taxa Selic fique 2,00% em 2020. O TOP-5 segue prevendo 2,00%, com o corte de apenas 0,25 ponto percentual da semana retrasada.
Para 2021, os economistas reduziram a projeção da Selic de 3% para 2,75%, e também a de 2022 de 4,9% para 4,75%. Em 2023, a estimativa da taxa básica de juros continua em 6%.
Já o TOP-5 prevê uma Selic a 2,0% em 2021, 4,5% para 2022 e 5,5% em 2023.
O BC afirmou que a Selic está próxima de um limite a partir do qual poderia provocar instabilidade nos preços de ativos e, sobre a porta aberta para eventuais cortes nos juros básicos à frente, indicou que precisará de maior clareza sobre a atividade econômica e sobre a inflação prospectiva, sendo que essas reduções podem ser "temporalmente espaçadas".
"Os juros baixos sem precedentes podem comprometer o desempenho de alguns mercados e setores econômicos, com potencial impacto sobre a intermediação financeira", disse o BC em ata do Comitê de Política Monetária (Copom) publicada na última terça-feira.
Na semana retrasada, o BC cortou a Selic em 0,25 ponto, à nova mínima histórica de 2% ao ano, e manteve a possibilidade de novos ajustes na taxa de juros no futuro, embora tenha pontuado que, se vierem, eles ocorrerão com "gradualismo adicional" e dependerão da situação das contas públicas.
Ao mesmo tempo, a autoridade monetária expressou, também no comunicado, que não antevê altas nos juros básicos a menos que as expectativas e projeções para a inflação fiquem suficientemente próximas das metas no seu horizonte relevante para a política monetária, que inclui 2021 e, em menor grau, o ano de 2022.
Dólar
Em relação ao dólar, as apostas de 2020 foram mantidas R$ 5,20 pela nona semana consecutiva. Há quatro semanas, os analistas projetavam no Focus um dólar a R$ 5,20 no fim do ano. No ano que vem, as estimativas seguem em R$ 5,00, a mesma estimativa de quatro semanas atrás. Em 2022 e 2023, as projeções se mantiveram em R$ 4,80.