Por Gabriel Codas
Investing.com - Nesta segunda-feira (15), o Banco Central divulgou mais uma edição do Boletim semanal Focus, trazendo novas reduções para as estimativas, por parte dos analistas de mercado, para o desempenho do crescimento da economia brasileira. No caso da inflação oficial para o fechamento do ano, houve ajuste para cima. Os números mostram a tendência de recrudescimento da crise econômica no Brasil em meio à pandemia do coronavírus.
PIB
Os economistas ouvidos pelo BC intensificaram, pela 18ª semana seguida, a projeção de queda do PIB brasileiro no ano. A estimativa agora é uma queda de 6,51% do PIB em 2020, contra 6,48% da semana passada. Há quatro semanas, a projeção estava em -5,12%. Para 2021, a estimativa segue de crescimento em 3,50% e se manteve em 2,50% para 2022 e 2023.
Inflação
Os analistas interromperam a sequência de redução e elevaram a estimativa da inflação oficial, de 1,53% da projeção da semana passada para 1,60%. Há quatro semanas, a aposta era de um IPCA a 1,59% no fim do ano. A aposta para o fechamento do ano-calendário segue abaixo do centro da meta de 4,00% e abaixo do da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Houve a redução das estimativas de inflação para 2021 - horizonte da política monetária do Banco Central sob o sistema de metas de inflação -, com os analistas estimando o IPCA em 3,00% e não mais 3,10%; A estimativa também fica abaixo do centro da meta de inflação estipulado para o ano que vem, de 3,75%.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio foi de -0,38%, enquanto a taxa registrada em abril foi de -0,31%. Essa é a menor variação mensal desde agosto de 1998 (-0,51%). No ano, o IPCA acumula queda de 0,16% e, nos últimos doze meses, alta de 1,88%, abaixo dos 2,40% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em maio de 2019, a taxa havia ficado em 0,13%.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, cinco tiveram deflação em maio. O maior impacto negativo do mês, -0,38 ponto percentual (p.p.), veio dos Transportes, cuja queda de 1,90% foi menos intensa que a de abril (-2,66%). Outros destaques foram Vestuário e Habitação, que recuaram 0,58% e 0,25% respectivamente. No lado das altas, Artigos de residência subiu 0,58% ante o recuo do mês anterior (-1,37%). Alimentação e bebidas (0,24%) desacelerou em relação a abril (1,79%). Os demais ficaram entre a queda de 0,10% em Saúde e cuidados pessoais e a alta de 0,24% em Comunicação.
Selic
O constante cenário de deterioração das projeções do PIB e IPCA - especialmente da inflação no próximo ano, horizonte da política monetária - suportam renovadas apostas de corte da Selic na próxima reunião do Copom. Seguindo a última decisão da autoridade monetária, que surpreendeu o mercado ao cortar a Selic em 0,75 ponto percentual, de 3,75% para 3,00% ao ano, os economistas consultados pelo Focus esperam o final do ciclo de ultra afrouxamento monetário em 2,25% em 2020, com um corte adicional de 0,75 ponto percentual na próxima reunião em junho.
Há quatro semanas, a expectativa já era que a Selic fechasse 2020 em 2,25%. O texto da última decisão do BC limita o atual ciclo de flexibilização com a taxa Selic em 2,25% ao ano.
Os analistas também estimam que o ciclo da alta de juros se inicie ano que vem, agora projetando uma Selic a 3,0% no fim de 2021, contra estimativa de 3,5% na semana passada e há 4 semanas . Já para 2022, a projeção foi mantida em 5%, e a de 2023 se manteve em 6,00%.
Dólar
Em relação ao dólar, as apostas de 2020 foram reduzidas de R$ 5,40 para R$ 5,20, após encerrar 2019 a R$ 4,0195. A moeda americana iniciou o forte período de volatilidade após o Carnaval, quebrando sucessivos recordes máximos de fechamento, chegando a se aproximar de R$ 6,00 em meados de maio.
Há quatro semanas, os analistas projetavam no Focus um dólar a R$ 5,28 no fim do ano. No ano que vem, as estimativas também foram reduzidas, de R$ 5,08 na semana passada para R$ 5,00, voltando à projeção de quatro semanas atrás.