Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A economia do Brasil pode ter entrado em recessão técnica depois de ter encerrado o segundo trimestre com contração, apontaram dados do Banco Central nesta segunda-feira, ampliando as preocupações sobre as perspectivas para o país.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), teve alta de 0,30% em junho sobre o mês anterior, mas, ainda assim, o segundo trimestre terminou com queda de 0,13%, o que marcaria o segundo trimestre seguido de contração da economia, caracterizando o que os economistas classificam de recessão técnica.
O resultado mostrou forte desaceleração em relação à taxa de 1,1% em maio, segundo dado revisado que desconsidera os efeitos sazonais, mas ficou acima da expectativa apontada por pesquisa da Reuters de avanço de 0,10%%.
O IBGE divulgará os dados do PIB no segundo trimestre em 29 de agosto. No primeiro trimestre, a economia do Brasil teve recuo de 0,2% na comparação com os últimos três meses de 2018, de acordo com os dados do IBGE, na primeira contração trimestral desde os três últimos meses de 2016.
Na comparação com junho de 2018, o IBC-Br apresentou queda de 1,75% e, no acumulado em 12 meses, teve alta de 1,08%, segundo números do BC.
Embora não acredite que os dados do PIB irão confirmar a recessão, o economista-chefe do banco Haitong, Flávio Serrano, ressalta a fraqueza da economia, permanecendo estagnada desde o final do ano passado.
"O ponto central é que a economia vinha em processo de recuperação moderada, mas tivemos no ano passado aumento da incerteza e vários aspectos que acabaram segurando a atividade, e agora estamos refletindo isso", disse ele, que estima um aumento de 0,2% do PIB no segundo trimestre.
"Mesmo uma taxa de 0,2% não quer dizer muita coisa porque a economia está parada desde o quatro trimestre do ano passado", completou.
O segundo trimestre terminou com junho marcado por fraqueza na indústria e no setor de serviços. A produção industrial do Brasil contraiu 0,6% no mês, terminando o trimestre com contração de 0,7%.
Já o volume de serviços recuou 1,0% e apresentou o pior resultado para o mês em quatro anos. Somente as vendas no varejo tiveram ganhos no mês, de 0,1%, mas ainda assim encerraram o segundo trimestre com queda.
Na semana passada, o BC estimou que PIB deve ficar estável ou apresentar ligeiro crescimento no segundo trimestre.
A fraqueza da atividade vem alimentando expectativas de mais cortes na taxa básica de juros, já reduzida a 6,0%. A mais recente pesquisa Focus do BC, divulgada nesta segunda-feira, mostra que os economistas estimam a Selic a 5,0% neste ano, com crescimento do PIB de 0,81%.