BERLIM (Reuters) - Gastos fracos em investimentos e comércio lento levaram a economia da Alemanha a contrair pela primeira vez em mais de um ano no segundo trimestre, sugerindo que a maior economia da Europa está perdendo fôlego ao mesmo tempo em que o impacto da crise na Ucrânia começa a pesar.
A Agência Federal de Estatísticas da Alemanha confirmou nesta segunda-feira dado preliminar de contração de 0,2 por cento em dados ajustados sazonalmente do Produto Interno Bruto (PIB) no trimestre entre abril e junho.
O desempenho decepcionante de uma economia antes considerada o último baluarte de crescimento na combalida zona do euro ecoou os desempenhos da segunda e terceira maiores economias: a França, que estagnou; e a Itália, que voltou à recessão durante o mesmo período.
"A contração no segundo trimestre foi uma reação ao forte desempenho do primeiro trimestre, então acredito que voltaremos a crescer moderadamente no terceiro (trimestre)... mas não falta incerteza neste momento", disse o economista do Postbank Thilo Heidrich, referindo-se ao impasse entre Moscou e o Ocidente sobre a Ucrânia e à crise no Iraque.
O investimento bruto em capital recuou 2,3 por cento e o investimento em construção caiu 4,2 por cento, em parte devido ao inverno ameno, que impulsionou a atividade de construção no primeiro trimestre.
Para Heldrich, a queda de 0,4 por cento nos gastos em fábricas e equipamentos pode ter sido causada em parte pela crise na Ucrânia e pelas sanções contra a Rússia.
O comércio exterior, tradicionalmente o motor do crescimento econômico alemão, subtraiu 0,2 ponto percentual do crescimento enquanto o consumo privado e os estoques tiveram contribuição positiva.
"A economia doméstica será responsável pelo crescimento neste ano e é possível que as exportações sofram um pouco mais devido à crise ucraniana e a sanções comerciais", disse Heidrich.
O Ministério das Finanças culpou parcialmente a crise ucraniana e as sanções contra a Rússia pela contração no segundo trimestre.
O ministro da Economia, Sigmar Gabriel, já disse que o PIB provavelmente crescerá no restante de 2014.
Alguns economistas, no entanto, esperam que a fraqueza no segundo trimestre continue no terceiro, com o instituto Ifo estimando que o crescimento será "próximo de zero" no terceiro trimestre, enquanto o instituto DIW fez um alerta sobre o perigo de recessão.
(Reportagem de Michelle Martin)