(Reuters) - Pelo menos 40 civis foram mortos e dezenas ficaram feridos em um ataque aéreo do exército a um mercado no sul de Cartum, no Sudão, informou um grupo de voluntários locais em um comunicado neste domingo, marcando o maior número de mortes em um único incidente desde o início da guerra no Sudão, em abril.
Os ataques aéreos e de artilharia em áreas residenciais têm se intensificado à medida que a guerra entre o exército sudanês e as Forças de Apoio Rápido (RSF) paramilitares se aproxima da marca de cinco meses, sem que nenhum dos lados declare vitória ou mostre sinais concretos de buscar uma mediação.
Os drones realizaram uma série de ataques aéreos pesados na manhã de domingo no sul de Cartum, um grande distrito da cidade ocupado principalmente pelas RSF, disse à Reuters uma testemunha ocular que viu o ataque, pedindo para não ser identificada por motivos de segurança.
Imagens compartilhadas por um grupo de voluntários locais chamado Southern Khartoum Emergency Room mostraram muitas mulheres e homens feridos, bem como o que pareciam ser cadáveres cobertos por panos, alguns empilhados.
Os moradores da área costumam ser trabalhadores diaristas que, sem emprego, são pobres demais para arcar com os custos da fuga da capital.
Mohamed Abdallah, porta-voz da Sala de Emergência, que tenta fornecer serviços médicos e outros, disse que os feridos tiveram que ser transportados em riquixás ou carroças de burro.
Em um comunicado, a RSF acusou o exército sudanês de realizar o ataque, bem como outros ataques. O exército sudanês negou a responsabilidade e culpou a RSF.
"Nós apenas miramos nossos ataques nos agrupamentos e postos do inimigo em diferentes áreas", disse o general de brigada Nabil Abdallah à Reuters.
O exército e as Forças de Apoio Rápido começaram a lutar em 15 de abril, depois que surgiram tensões sobre a integração de suas tropas em uma nova transição para a democracia. Embora vários países tenham lançado esforços de mediação, nenhum deles conseguiu pôr fim aos combates.
(Reportagem de Nafisa Eltahir e Khalid Abdelaziz)