Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no primeiro trimestre elevou o viés positivo para a projeção de crescimento em 2023 como um todo, atualmente em 1,9%, disse o Ministério da Fazenda nesta quinta-feira.
Segundo a Secretaria de Política Econômica da pasta, o carregamento estatístico ("carry over", em inglês) do PIB para o ano após o resultado do primeiro trimestre é de 2,4%.
O PIB cresceu 1,9% no primeiro trimestre na comparação com os três meses anteriores, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE, superando estimativas de economistas consultados pela Reuters de avanço de 1,3%.
A Fazenda reconheceu que, no segundo trimestre, deve ser observada uma desaceleração do crescimento da agropecuária na margem, "uma vez que o aumento da produção de grãos tem impacto muito mais pronunciado no primeiro trimestre, pela colheita da soja e milho primeira safra".
Além disso, a pasta disse não ver sinais de recuperação da indústria no próximo trimestre, principalmente a de transformação, citando recuo no fluxo de caminhões pesados, queda na produção de automóveis e ônibus e piora nos índices de confiança industrial e empresarial, bem como uma desaceleração no mercado de crédito.
No setor de serviços, no entanto, "as perspectivas seguem favoráveis para o próximo trimestre, com destaque para geração de novas vagas de emprego formal; para a expansão da massa real em abril e para a elevação da renda real disponível, que deve ser verificada tanto pelo novo aumento no valor do salário mínimo em maio como pela desaceleração esperada para a inflação, em especial de alimentos e gasolina", disse o Ministério.
Para o restante do ano, a Fazenda citou o programa Desenrola, o Minha Casa Minha Vida e o estímulo ao adensamento tecnológico do governo como vetores positivos de crescimento.
"O início da flexibilização monetária e as reformas fiscal e tributária, somadas ainda às medidas para desburocratizar e agilizar emissões no mercado de capitais, tendem a reduzir incertezas, propiciando o retorno do investimento", acrescentou a pasta.
Embora tenha previsto "início da flexibilização monetária", a taxa Selic segue em elevados 13,75%, que o Banco Central pontuou em suas últimas reuniões ser um patamar necessário para conter as altas de preços e ancorar as expectativas de inflação, mesmo sob críticas do governo às condições monetárias apertadas.
Por outro lado, recentemente o presidente do BC, Roberto Campos Neto, fez acenos à possibilidade de afrouxamento ao citar ambiente fiscal mais consolidado e "janela" para continuidade na queda dos núcleos de inflação.
Sobre o ambiente externo, o Ministério da Fazenda disse nesta quinta-feira que espera desaceleração na economia global e condições monetárias ainda restritivas, o que prepondera no cenário de atividade esperado para 2023.