SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta sexta-feira que a economia brasileira foi afetada pela menor quantidade de dias úteis na primeira metade do ano e vê recuperação no terceiro trimestre.
"No terceiro trimestre vamos ter 10 por cento a mais de dias úteis... É como termos 10 por cento a mais de produção e comércio", afirmou ele a jornalistas, ao comentar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre deste ano, que mostrou contração e levou o país à recessão com forte queda da indústria e dos investimentos.
"Vamos ter terceiro trimestre positivo", disse ele, acrescentando que a perspectiva é de "crescimento moderado" no terceiro trimestre.
Segundo Mantega, a menor quantidade de dias úteis teve impacto negativo de 0,2 a 0,3 ponto percentual no segundo trimestre. E, levando em consideração o desempenho da economia mundial, o impacto anualizado na atividade brasileira é negativo entre 0,6 e 0,7 ponto percentual, acrescentrou o ministro.
Também pesou na economia do país a política monetária do Banco Central, que elevou a Selic a 11 por cento para tentar segurar a inflação ainda alta, rondando o teto da meta do governo -de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos. Nas contas de Mantega, esse movimento causou restrição de consumo e demanda, com impacto de 0,7 a 1 ponto no PIB anualizado.
"Na minha opinião, não estamos em recessão... É meramente efeito estatístico pelo resultado negativo do segundo trimestre", afirmou ele. "Recessão é quando você tem desemprego aumentando e renda caindo. Aqui temos o contrário."
Mantega disse ainda que o resultado do PIB no segundo trimestre ficou aquém das expectativas do governo, e voltou a culpar o cenário internacional também pelos resultados. Ele acrescentou, por outro lado, que haverá melhora na economia internacional, sobretudo puxada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido.
Também citou "problemas localizados" no Brasil, como a seca, que acabou aumentando os custos no setor energético, mas esse fator já ficou para trás. Neste contexto, o ministro disse que a inflação no Brasil está "num patamar razoável".
(Por Renan Fagalde)