Por Luana Maria Benedito e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) -A produção industrial brasileira teve alta de 0,1% em setembro na comparação com o mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, mantendo tendência de estabilidade observada no ano.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção subiu 0,6%. As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de queda de 0,1% na variação mensal e de alta de 0,7% na base anual.
De acordo com o IBGE, a principal influência positiva no resultado do mês veio da atividade de indústrias extrativas, com alta de 5,6%, recuperando-se após acumular perda de 5,6% no período de julho a agosto.
"O setor de indústrias extrativas, para além da baixa base de comparação, ainda foi favorecido pela maior extração de petróleo e minérios de ferro nesse mês", disse o gerente da pesquisa, André Macedo. "Esse segmento representa aproximadamente 15% da indústria total e exerce o principal impacto positivo no consolidado do ano."
Outras contribuições positivas relevantes sobre o total da indústria vieram de produtos químicos (1,5%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,5%).
Ainda assim, o setor industrial se encontra 1,6% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e 18,1% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011. Além disso, no acumulado do terceiro trimestre em relação aos três meses anteriores, a produção teve variação nula.
Entre as 20 atividades com redução na produção em setembro, produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-16,7%), máquinas e equipamentos (-7,6%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,1%) exerceram os principais impactos negativos.
"Há uma indústria sem dinamismo e força para repor perdas do passado; mesmo quando avança, não altera o seu patamar em relação ao fim do ano passado", disse Macedo.
"Os juros elevados, embora tenham começado a cair, ainda são algo importante para segurar a indústria. A política monetária mais restritiva afeta tanto os investimentos das empresas quanto o consumo das famílias, afetam a oferta de crédito e inadimplência", afirmou o gerente.
A taxa básica de juros Selic está atualmente em 12,75%, depois que o Banco Central realizou dois cortes consecutivos de 0,50 ponto percentual nos juros, mas segue em patamar restritivo para a atividade, continuando a minar a atividade econômica conforme a autoridade monetária tenta controlar a inflação.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)