Por Tim Reid e Joseph Ax
SIMI VALLEY, Estados Unidos (Reuters) - Os rivais republicanos de Donald Trump se enfrentaram em um debate presidencial caótico na quarta-feira, atacando o ex-presidente norte-americano ausente, o presidente Joe Biden e uns aos outros em temas como China, imigração e economia.
Mas, ao final do debate, nenhum dos sete candidatos no palco parecia ter garantido o tipo de momento de ruptura que alteraria a dinâmica de uma disputa primária que Trump vem dominando há meses, apesar de seus quatro indiciamentos criminais - que praticamente não foram mencionados durante as duas horas de transmissão.
Trump, que lidera à frente de seu rival mais próximo para a indicação por 37 pontos percentuais na pesquisa Reuters/Ipsos mais recente, não compareceu ao debate, assim como fez no primeiro em Wisconsin no mês passado.
O governador da Flórida, Ron DeSantis, usou sua primeira resposta para criticar Trump por estar "ausente em ação" e por acrescentar trilhões de dólares à dívida nacional.
"Ele deveria estar neste palco esta noite", disse DeSantis, arrancando aplausos da plateia na biblioteca presidencial de Ronald Reagan em Simi Valley, no Estado da Califórnia. "Ele deve a vocês a defesa de seu histórico."
DeSantis, cujos números nas pesquisas têm caido desde que ele foi colocado como a principal alternativa a Trump, tem se mostrado mais disposto a atacar o ex-presidente recentemente, após meses evitando o confronto direto.
O ex-governador de Nova Jersey Chris Christie, um crítico frequente de Trump, interveio, dizendo que Trump estava "com medo" e zombando dele como "Pato Donald" por não ter comparecido ao debate.
E a ex-embaixadora na Organização das Nações Unidas (ONU) Nikki Haley disse que Trump adotou a abordagem errada em relação à China, concentrando-se exclusivamente no comércio, em vez de questões de segurança mais amplas.
Biden, o mais provável candidato democrata para as eleições de 2024, também foi um alvo frequente dos candidatos republicanos, que criticaram sua forma de lidar com a economia e a fronteira sul com o México.
Mas os candidatos, a maioria deles atolados em um único dígito nas pesquisas nacionais, passaram a maior parte da noite atacando uns aos outros.
Como no primeiro debate, em agosto, o empresário Vivek Ramaswamy - cuja campanha para a indicação presidencial republicana é sua primeira candidatura a um cargo público - provocou repetidamente a ira de seus oponentes mais experientes.
"Toda vez que ouço você, me sinto um pouco mais burra", disse Haley a Ramaswamy depois que ele defendeu sua adesão ao TikTok, a plataforma de propriedade chinesa que tem levantado preocupações de segurança entre as autoridades dos EUA. Ramaswamy disse que usa o aplicativo para se conectar com jovens eleitores.
Minutos antes do início do debate, Trump fez um discurso para trabalhadores do setor automobilístico no Estado de Michigan, inserindo-se em uma disputa nacional entre grevistas e as principais montadoras do país, um dia depois de Biden ter se juntado a um piquete sindical.
Os moderadores não perguntaram aos candidatos sobre os vários problemas legais de Trump.
Faltando menos de quatro meses para a primeira disputa da indicação republicana em Iowa, os rivais de Trump estão correndo contra o tempo para enfraquecer seu domínio nas primárias.
A maioria dos candidatos ainda expressou apoio à ajuda contínua à Ucrânia, embora DeSantis tenha dito que não ofereceria um "cheque em branco". Ramaswamy, que disse que cortaria a assistência, alertou que apoiar a Ucrânia estava empurrando a Rússia mais para a China, provocando novas críticas de seus rivais de que ele apaziguaria com o presidente russo Vladimir Putin.